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História da Língua Portuguesa no Brasil
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Eduardo Guimarães, em seu artigo ?A Língua Portuguesa no Brasil?, nos faz um breve relato de como se processou as relações entre o português e outras línguas no decorrer de nossa história. Inicialmente comenta que foi transportado para o Brasil, assim como para a Ásia e a África, no momento da expansão ultramarina portuguesa nos séculos XV e XVI. Com o início da colonização do Brasil, a língua portuguesa se relaciona com falares indígenas e torna-se, posteriormente, a língua oficial e nacional do país. Distingue essa história em quatro fases distintas, baseando-se na sua relação com as demais línguas faladas aqui. A primeira fase iniciou-se em 1532 indo até a saída dos holandeses do território, em 1654. Nesse momento, o civilizador português conviveu com duas línguas diferentes: a holandesa e as gerais. Estas últimas eram línguas tupis faladas por grande parte da população. Já, o português oficial do Estado lusitano foi empregado em documentos oficiais e praticado pelos administradores da colônia. A segunda fase compreende o período entre saída dos holandeses e a chegada da família real portuguesa, em 1808. Essa saída transformou as relações lingüísticas, já que o português não concorre com outra língua oficial e, então, interage com as línguas locais. Durante essa fase, Portugal acentua o processo de colonização e toma uma série de providências que levam ao declínio das línguas gerais. A população brasileira, predominantemente de índios, recebeu um grande contingente de portugueses e de escravos negros. Assim, o espaço lingüístico brasileiro passou a incluir a relação das línguas oriundas da África. Com o aumento de portugueses cresce, também, o número de falantes específicos do português com dialetos diferentes, pois provinham de diferentes regiões de Portugal. Diante de tal fato, duas atitudes são tomadas pela Metrópole para tornar o português à língua mais falada do Brasil: a proibição do uso da língua geral nas escolas e, a mais radical, por iniciativa do Marquês de Pombal que proibia seu uso na colônia. Essa ação, junto com o aumento da população lusitana no país colaborou para o declínio da língua geral. O português que já era a língua oficial do Estado passa a ser a mais falada no Brasil. A terceira fase começa com a vinda da família real em 1808 e termina em 1826, ano em que se formula a questão da língua nacional no parlamento brasileiro. A vinda da realeza acarretará num aumento da população lusitana e na transformação do Rio de Janeiro em capital do Império que traz novos aspectos para as relações sociais e lingüísticas. Inicialmente, Dom João VI criou a imprensa que se tornou instrumento de difusão da língua portuguesa e fundou a Biblioteca Nacional, mudando o quadro da vida cultural brasileira. A quarta fase se inicia no ano de 1826, quando o deputado José Clemente propôs que os diplomas dos médicos no Brasil fossem redigidos em "linguagem brasileira". Em 1827, as discussões centravam-se na idéia de que os professores deveriam alfabetizar utilizando a gramática da língua nacional. Logo, o português, já oficializado, se impõe não mais como língua do colonizador, mas como da nação brasileira. Esse ?patriotismo? influencia a literatura e a constituição de um saber nacional sobre o português no Brasil. Assim, criou-se, historicamente, o apropriamento do idioma enquanto marca de sua relação com as condições brasileiras, por causa da história de suas relações com outro espaço lingüístico. O português, ao funcionar em novas condições e nelas se relacionar com a língua indígena, as gerais e as africanas, se modificou de modo particular. Os gramáticos e lexicógrafos brasileiros do final do século XIX, junto com nossos escritores, enfatizam o "sentimento" do português como língua nacional. Nesse período se inicia o contato entre o português e as línguas dos imigrantes, pois começa o processo de imigração para o Brasil que terá um momento muito particular na passagem do século XIX para o XX. Deste modo o espaço de enunciação brasileiro passa a ter, em torno da língua oficial e nacional, relações antagônicas. De um lado, as línguas indígenas e as africanas entram nessa relação como aquelas a serem excluídas. No caso dos imigrantes, eles entram no Brasil por uma ação governamental que procurava cooperação para desenvolver o território. Suas línguas eram oficiais nos seus países de origem, ou seja, eram legitimadas na globalidade das relações lingüísticas e tidas como línguas de povos civilizados, em oposição às indígenas e às africanas, consideradas de povos primitivos ou escravos. Portando, o português do Brasil vai, paulatinamente, apresentar um conjunto de características não encontráveis no de Portugal, nem em outros países lusófonos, porque cada um apresenta peculiaridades, devido às condições locais. Além disso, se considerarmos a língua escrita, haverá uma maior proximidade entre o nosso português e o de outras regiões do mundo, pois se sujeitam à sistematização, graças às gramáticas normativas, dicionários e outros instrumentos reguladores da língua. Na oralidade, o processo de incorporação de características específicas se faz de modo mais rápido. Finalizando, Guimarães acrescenta que outras particularidades podem ser atribuídas ao nosso português, porém devemos observar o modo como ele se divide em falares regionais específicos ou registros distintos de acordo com situações particulares do funcionamento da língua.
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