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Introdução aos Modelos Semânticos
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Conforme José Borges Neto<1> cabe à Semântica o estudo do significado, seguindo o postulado de Saussure<2> para o qual uma expressão de qualquer língua humana seria um par de som e significado. Há porém que se definir ?significado? antes mesmo de dar o primeiro passo em tal estudo. As primeiras tentativas de definição de significado o entendiam como sendo ?o objeto do mundo ao qual se refere um expressão lingüística?, noção que logo fora abandonada já que tal compreensão de significado só se mostra razoavelmente aplicável em se tratando de expressões que designam objetos concretos do mundo, como substantivos próprios e comuns e expressões referenciais, mostrando-se ineficiente ao analisar adjetivos, verbos, morfemas de função sintática ou mesmo substantivos abstratos como ?amor? ou ?liberdade?. Há, então, um relativo consenso entre semanticistas das diferentes correntes sobre o caráter de relação do significado, isto é, o significado de um objeto lingüístico é a relação que há entre o que há de estritamente lingüístico (expressão) neste objeto e algo não-lingüístico<3>. Mas o consenso não vai além: o que seria este fator ?não-lingüístico?, qual sua natureza e em que substrato o podemos encontrar são demarcadores de territórios para as várias correntes semânticas atuais. A Semântica Cognitiva, por exemplo, que encontra seu maior representante em Jackendoff<4>, sugere que significado seja a relação entre expressões lingüísticas e conceitos mentais ? teoria ideacional ?; enquanto a Semântica de Valor de Verdade entende por significado a relação que se dá entre expressões lingüísticas e o mundo externo ? contraparte relacional das teorias referenciais do significado. Há ainda que se dizer da Semântica dos Atos de Fala que, com uma teoria comportamental (descendente da influência da Pragmática na Lingüística), define significado como a relação que se dá entre expressões lingüísticas e o uso que os falantes fazem dela. Sobre a influência da pragmática no estudo dos significado encontramos em Austin<5> a noção de atividade para a língua. De acordo com o autor, ?dizer? é sempre ?fazer?, sendo que o que existe de concreto é a fala ? ou o ato de fala, a enunciação ? trazendo para a análise do significado alguns fatores extralingüísticos como intencionalidade locucional, aceitabilidade e competência interpretativas além do universo discursivo (gênero) do objeto. Atenhamos-nos, entretanto, à Semântica de Valor de Verdade, que vale-se de um formalismo matemático e propõe equacionar expressões a proposições, ou mais, às condições de realidade necessárias para que uma expressão seja verdadeira ou falsa. A metalinguagem adotada neste campo é a matemática, já que torna-se difícil utilizar a própria linguagem humana para teorizar sobre significados, já que os significados das palavras não são congelados ou fechados. Trata-se da necessidade de um modelo para estudo. Conforme encontramos em Katz ?o processo pelo qual um falante interpreta cada <...> sentença é um processo composicional em que o significado de qualquer constituinte sintaticamente composto de uma sentença é obtido como um função dos significados das partes do constituinte?. E ainda: ?...o componente semântico terá dois subcomponentes: um dicionário, que fornece uma representação do significado de cada uma das palavras de uma língua, e um sistema de regras de projeção, que fornece o mecanismo combinatório para projetar a representação semântica para todos os constituintes de nível superior ao da palavra numa sentença.? <6> Assim, Determina-se um conjunto D de elementos denotadores aos quais aplicam-se funções verbais f, sendo que x fuma = f(x) = 1 se, e somente se, ?x fuma?; sendo que x ? D e f(x) é a função de fumar aplicada ao elemento x. Pode-se encontrar uma defesa mais detalhada da linguagem como cálculo em José Borges Neto<7>.<1> Neto, J. B. ?Semântica de Modelos? IN: Müller, A. L.; Negrão, E. V. e Foltran, M. J. (Orgs.) ?Semântica Formal?. São Paulo: Contexto, 2003. <2> Saussure, F. ?Curso de Lingüística Geral? São Paulo: Cultrix. 23ª edição, 2001. <3> Neto, J. B. ?Semântica de Modelos? IN: Müller, A. L.; Negrão, E. V. e Foltran, M. J. (Orgs.) ?Semântica Formal?. São Paulo: Contexto, 2003. p. 10. <4> Jackendoff, R. ?Semantics and Cognition?. 1983. <5> AUSTIN, J. L. ?Quand dire c?est faire? Paris: Seuil, 1970. <6> Katz, J. J. ?Teoria Semântica? IN: Lobato, L. M. P. (Org.) ?A Semântica na Lingüística Moderna: O Léxico?. Rio de Janeiro: F. Alves, 1977. p. 62. <7> Idem 1, p.12.
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