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Carta Sobre a Tolerância - Parte I
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Verdadeira Igreja - Jesus não armou os seus discípulos com a espada, mas com a palavra, o Evangelho e a Razão. As palavras de ordem do cristianismo - caridade, mansidão e benevolência - devem resultar num espírito de Tolerância. Locke defende o amor contra a Violência. Condena a violência como forma de fazer aceitar dogmas. O critério da verdadeira Igreja é a Tolerância mútua entre Cristãos.
Concepção do Estado - o Estado é uma sociedade de homens constituída com o propósito de conservar e promover os bens civis. O dever do governante é zelar pela vida dos súbditos usando a lei e os castigos, aplicadas a todos de igual modo. A Soberania civil limita-se aos bens materiais e não se pode estender à salvação das almas.
1º Argumento - O magistrado não foi encarregue de cuidar das almas. Esta é uma questão individual e ninguém pode acreditar por ser obrigado. Quem não estiver verdadeiramente convencido no que acredita não pode salvar a suam alma. A razão é igual em todos os homens (Racionalismo) logo nenhum dispõe da verdade.
2º Argumento - O poder do magistrado reside na coação. Os assuntos deste dizem respeito aos valores materiais, e não espirituais. As infracções cometidas são punidas por lei, e nos valores espirituais não podem haver punições pois resultaria na perda de liberdade. O magistrado apenas pode usar da palavra nesta matéria, através da persuasão (Razão).
3º Argumento - Mesmo que a autoridade das leis e da força fossem eficazes na conversão, de nada serviriam à salvação da alma. O caminho para a salvação é a razão.
Concluímos que o poder do Estado se limita às coisas do mundo, não à vida futura.
O ser da Igreja - A Igreja é uma sociedade livre de homens que se reúnem voluntariamente para adorar publicamente a Deus, da maneira que acham mais adequada. Livre porque ninguém nasce já pertencente a uma Igreja nem herda os valores espirituais e voluntária porque ninguém pode ser obrigado a aderir a uma Igreja (papel da Razão na adesão). Um chefe para a Igreja é dispensável (crítica ao estatuto de Papa):
1º Argumento - Cristo não estabeleceu nenhum édito com esta lei. Cristo é o único legislador da Igreja.
2º Argumento - Discordância entre as Igrejas acerca de quem deve ser o chefe da Igreja.
3º Argumento - Locke aceita quem queira ter um chefe mas considera-o dispensável. O importante a focar é a liberdade religiosa.
Conclui-se que a Igreja deve ter em atenção o que é essencial. Ou seja, importar-se com a Sagrada Escritura. Introduz-se, assim, o conceito da Tolerância.
Sobre a Tolerância - Locke fala de uma separação entre Igreja e Estado ( Secularização). O sentido da vida é a salvação da alma.Todos devem ser crentes, este assunto não é do interesse do Estado. O Estado é um valor que dá sentido à vida dos cidadãos, segundo alguns filósofos ateus contemporâneos.
Deveres que dizem respeito à Tolerância - Terá que haver tolerância dentro de uma Igreja, entre particulares que diferem de religião e entre Igrejas que diferem de religião.
Tolerância dentro de um Igreja - É justo tirar os direitos a um membro de uma comunidade religiosa que não cumpra as leis dessa mesma, não é justo retirar-lhe os direitos civis. Seria um atentado à justiça e à dignidade humana.
Tolerância entre particulares que diferem de religião - Qualquer indivíduo que pratique uma religião deve nutrir respeito por outro que pratique qualquer outra religião. A razão humana é fruto da razão de Deus, que a criou, assim, a razão humana está de acordo com o Evangelho. Quem é bom e justo é porque é sábia, usa a razão.
Tolerância entre Igrejas que diferem de religião - Cada Igreja crê naquilo que acredita ser verdade. O único juiz é Deus. logo, a Igreja não pode condenar outras.
Dentro da Tolerância estão inseridos vários conceitos: justiça, dignidade humana, bondade e sabedoria. Segundo a justiça há a necessidade de punir aqueles que atentam contra a lei, que tem origem no conceito de dignidade humana, ou seja, no respeito pela autonomia, opinião e liberdade individual. A bondade advém da exortação à religiosidade, admoestação pela palavra (Razão) e respeito pela justiça. A sabedoria, por sua vez, é a base mais elevada da tolerância (entendimento pela razão). Todos os homens têm Razão, por isso, têm uma opinião, logo, têm de ser tolerantes.
Tolerância: Autoridade Eclesiástica - A sua autoridade está limitada à sua Igreja. Deve levar todos à caridade, mansidão e tolerância. A autoridade Eclesiástica deve usar da palavra para converter, argumentando. Ao usar a violência estarão a prejudicar-se a si próprios, pois cada um acerta contas com Deus.
Tolerância: Os Governantes Civis - O Estado não pode interferir na Igreja. Isto porque coage por sanções. isto não é aceitável na Igreja pois nenhum homem tem mais razão que outro no que diz respeito à salvação das almas. O governante deverá respeitar a consciência de cada súbdito. Não se pode julgar ninguém pelos seus cultos ou ritos. A consciência individual dita a adesão ou não ao caminho da eternidade.
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