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A República - Livro X
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Em A República, Platão, o mais articulado discípulo de Sócrates, faz uso de diálogos para lançar as bases do que ainda hoje se discute como fundamentos da formação política da vida em comunidade. Na obra como um todo há o impulso de caracterizar a cidade perfeita. Neste resumo, nos ateremos ao livro X, que dá continuidade à discussão empreendida no livro IX sobre o conceito de justiça, com a polêmica questão da expulsão dos poetas da polis. Sócrates critica o artista. quando distingue três estágios de realidade, exemplificando com: ?a cama ideal? ou a idéia de cama, ou ainda, numa corruptela, ?a camidade?; a cama propriamente dita, em que se pode dormir; e a imagem de uma cama numa pintura. Para ele, o artista atua no nível mais baixo: a arte é a reles imitação de uma aparência de realidade, e o artista apenas representa o concreto, não a idéia. Desse modo, imitação (ou mimesis) é basicamente um fazer inferior, sendo a arte um ofício que não se deve levar a sério, pois apela para o irracional na alma humana. Particularmente no caso dos poetas, Sócrates ataca, no âmbito da literatura, a imitação de homens inferiores, que seduz a parte mais instável da alma. Desse modo, a arte tende a corromper até mesmo as mentes mais capazes, que devem se manter alertas contra tais influências, mesmo que demonstre alguma hesitação por conta da grandeza de Homero e dos poetas trágicos, para quem pede licença para continuar argumentando. O poeta imita todas as coisas sem as conhecer. A poesia, portanto, dificulta a educação do homem, especialmente do guardião da cidade, pois dá à ilusão ares de verdade. Como os pintores, e ainda mais que eles, o poeta deve ser aceito numa cidade constituída pelo agir filosófico.
É particularmente relevante a última seção do livro X. Aborda os destinos do justo e do injusto no além-mundo. Aponta a alma como um elemento que não se corrompe pelo vício ou pelo mal, pois a alma não perece com o corpo: a alma justa é para sempre recompensada, enquanto a alma injusta é eternamente punida. Assim, A República termina com a fábula de Er, na qual esses argumentos sobre a imortalidade da alma tomam forma mística.
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