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Pensamento Eco-Filosófico de Heráclito
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A idéia de mundo, para Heráclito, se sustenta na teoria dos contrários do ser e do não-ser que nada é ou que tudo é. De acordo com o pensamento do extraordinário filósofo Nietzsche, a noção de mundo de Heráclito, que é justificada no campo metafísico, o qual é por ele interpretado, na obra: ?A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos?, apresenta de alguma maneira, uma afirmação da vida e o tecer da existência. Quando Nietzsche se depara com a análise da sociedade grega, parte de um princípio: a valorização da realidade cultural e valorização da vida. Ele acredita que o homem tem a tarefa de dar um objetivo à existência, lutando por uma verdadeira cultura, capaz de gerar homens fortes, possuidores de espírito verdadeiramente nobre e original. Essa imagem do homem, em suas afirmações, nada mais é do que uma ponte e não um simples fim, e esse homem, por sua vez, é um criador e, ao mesmo tempo, em que cria, dá valor às coisas, como também, norteia sua vida com um quadro de valores e crenças. Nesse sentido, ele acredita ser Heráclito um homem desse tipo que conseguiu, em uma noite escura, oferecer a ?luz? para a humanidade em trevas. A definição de Nietzsche, quanto à sociedade, do extraordinário Heráclito, passa por três aspectos éticos que podemos traduzir em uma linguagem Eco-filosófica: o racionalismo que define que a vida virtuosa é agir conforme a razão e essa não pode ser contraditória, ao reconhecer a natureza humana como um bem; o naturalismo: a vida virtuosa é agir conforme a natureza ? que, em sua essência, não pode ser traduzida só como natureza humana mas em um sentido complexo de ecos-mundos ? onde vivenciamos todo o discurso do ser enquanto ser e do não-ser, e um terceiro aspecto da inseparabilidade entre ética e política, ou seja, entre a conduta do indivíduo e o bem da sociedade, já que, somente na existência compartilhada com os outros, encontramos liberdade, a justiça pode ser praticada e, assim, chegamos à felicidade. Quanto ao mundo, está em constante movimento, eterno mover-se, um constante vir-a-ser. Um mundo de instabilidade, da impossibilidade de afirmações absolutas onde os fatos do dia-a-dia dão rumos totalmente diferentes a existência do homem como ser de criação de valores, como define Nietzsche. Assim, como a vida apresenta-se dinâmica, a eco-pedagogia e os valores complexos do tecido social, aluno professor, estão em pleno vir-a-ser e por isso, não é possível consideramos o conhecimento como absoluto, imutável. A eco-filosofia da existência humana se dá no campo das possibilidades da relação homem-natureza e, da mesma forma, os valores vão surgindo dentro desta relação. Nietzsche tem como precaução apontar a realidade heraclitiana de mundo, levando em conta o aspecto histórico grego, afirmando que os deuses chegavam a corresponder a cada necessidade dos homens. Na antiguidade grega, se desconhecia o papel da natureza sobre as ações humanas, com a desvinculação de qualquer política ecológica. Não havia qualquer noção de causalidade natural. E assim, se prestava culto ao deus da caça, ao deus da pesca etc. A crença nas divindades estava no fato de que, os mais simples gestos, à medida que o homem não conhecia as leia da física, da natureza, só poderiam derivar de um ser superior. Nesse sentido, as idéias de Heráclito têm aqui sua origem, quando valoriza os elementos naturais. Assim, Heráclito, em seus fragmentos, faz uma definição da realidade de mundo, baseado nas experiências da antiga Grécia. Ele faz a constatação do incessante devir, ou seja: a mudança das coisas. O mundo é um contínuo movimento: ?Não é possível descer duas vezes ao mesmo rio, nem tocar duas vezes numa substância mortal, no mesmo estado; pela velocidade do movimento, tudo se dissipa e se recompõe de novo, tudo vem e vai?. Ele elabora uma definição do ser e do não-ser de forma a afirmar que o ?ser não é mais do que o não-ser e também não é menos, pois, na verdade, o ser e o nada são a mesma coisa?. Assim, percebemos que, em sua definição de ser e não-ser, está inserida a idéia de complexidade do ser enquanto existente. Sua definição de ser e do não-ser enquanto existência revela-se na natureza que aparece e desaparece, em uma constante mudança. Mudança da ?borboleta que quer romper seu casulo, ela o puxa e o rasga: então a luz desconhecida a cega e a inebria, o império da liberdade.? (NIETSZCHE, p. 93 - 2006)
Bibliografia Consultada HERÁCLITO. Fragmentos. In vol. Os Pré-Socráticos, col. Os Pensadores. Trad. - de José Cavalcante de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1997. ___________. Les fragments d?Héraclite. Trad. Roger Munier. Fata Morgana et Roger Munier, 1991. NEITZSCHE, A gaia ciência. Col. Universidade de Bolso. Trad. Macio Pugliesi, Edson Bini e Norberto de Paula Lima. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. ___________. Humano, Demasiado Humano. Edt. Escala. 2006. __________. A filosofia na idade trágica dos gregos. Lisboa, Edições 70, 1987. SARTRE, Jean Paul. O Existencialismo é um Humanismo. São Paulo: Os Pensadores. Abril Cultural, 1978. SKWARA, W. Fundamentos Cosmológicos de uma Eco-Filosofia em Teilhard de Chardin. In: ANAIS do X Encontro Nacional de Filosofia da ANPOF, 2002, São Paulo. 2002. v. 1. p. 54-54
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