No Livro III da Ética de Spinoza intitulado ?Da Origem e Natureza dos Afetos?, o autor pretende demonstrar a força dos afetos sobre a  alma (Mente). Da mesma maneira que nos livros antecedentes, Spinoza emprega o método geométrico no tratamento dos afetos e paixões humanas com se fossem linhas e planos geométricos. O método é usado sem restrições. Após definir nos Livros I, II e III a natureza de Deus, da Mente e dos afetos e paixões humanas, o objetivo do Livro IV, ?Da Servidão Humana e Força dos Afetos?, é demonstrar a origem da servidão e o poder da alma sobre as paixões. Como corpo e alma são expressões distintas de uma mesma realidade modal, não havendo, portanto, nenhuma relação causal entre corpo e mente, Spinoza buscará uma reformulação do problema ético. As tradicionais noções de Bem e Mal são substituídas pelo bom e mau, ou seja, pelo que favorece ou entrava a realização da nossa essência singular, o conatus.  É construído então um novo conceito de virtude. À medida em que avançamos no texto fica mais claro o objetivo da Ética. Em seu quinto e último Livro, ?Da Potência do Intelecto e Liberdade Humana?, são formuladas três belas e dificílimas ?doutrinas?: a Eternidade da Alma (Mente), o Conhecimento Intuitivo e o Amor Intelectual a Deus. Diferentemente do que a um primeiro olhar possam parecer e apesar da redação incomum, a Ética ganha seu real quando atentamos para suas conseqüências práticas. É esta, sobretudo, a inspiração que anima o autor.  Conduzir o homem pela via da verdadeira liberdade e felicidade. A Ética nos ensina que a Razão não se opõe a vida afetiva e que a liberdade é um a construção constante. Somos verdadeiramente livres e felizes quando agimos a partir da essência singular que nos define. Mostrará a Ética, agir segundo o juízo de outrem ou querer adequar-se aos padrões que nos são impostos é servidão, passividade e ignorância.

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