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Ética (Livro I e II)
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A Ética escrita à maneira dos geômetras de Baruch de Spinoza é considerada como uma das mais surpreendentes produções do espírito humano. Para o leitor contemporâneo pouco habituado ao vocabulário antiquado e à obsessão sistemática, a leitura da Ética ordine geométrico demonstrata pode ser um grande desafio. A Ética opera dedutivamente segundo uma série de definições e axiomas, proposições, demonstrações, lemas e escólios. Toma como ponto de partida a idéia do Ser absoluto, ou seja, Deus, princípio de toda verdade e produtor de toda realidade. A Ética possui a peculiaridade de pretender a identificação entre a ordem epistemológica e a ordem ontológica. Ou seja, as razões de conhecer são também razões de ser. Esta tese fundamenta-se no paralelismo entre os atributos Pensamento e Extensão. A identidade do nexo causal entre idéias e coisas encontra explicação no spinozismo pelo pressuposto ontológico da unicidade substancial. A partir daí Spinoza constrói um sistema filosófico audacioso. Eleva às alturas seu sistema de leis eternas. Pretende demonstrar que o universo é racionalmente explicável e que o pensamento se ajusta de modo pleno à razão de Ser de tudo o que existe. Escrita originalmente em Latim, a Ética é composta de cinco partes ou livros. São eles: "De Deus" (De Deo), ?Da Natureza e Origem da Mente? (De Natura et Origine Mentis), ?Da Origem e Natureza dos Afetos? (De Origine et Natura Affectuum), ?Da Servidão Humana e Força dos Afetos? (De Servitute Humana seu de Affectuum Viribus), ?Da Potência do Intelecto e Liberdade Humana? (De Potentia Intellectus Seu De Libertate Humana). O Livro I expõe os pressupostos ontológicos fundamentais. Apresenta as definições de causa de si, finitude de gênero, substância, atributo, modo, Deus, liberdade e eternidade; e axiomas. Deste conjugado inicial, se seguirá um alonga cadeia de desdobramentos: existência de uma só substância, Deus ou Natureza, ou seja, a causa necessária e imanente de todas as coisas. Tudo existe em Deus e afora Deus não pode ser dada nenhuma outra realidade. Da potência infinita de Deus segue-se que ele necessariamente produz infinitas coisas segundo as leis eternas de sua própria natureza. A liberdade divina consiste em não ser determinado a ser ou a agir por algo que lhe venha do exterior, mas pela autodeterminação. Os atributos são a própria essência da substância donde se segue que Deus possui infinitos atributos, cada dos quais infinitos em seu gênero e não absolutamente infinitos. Tudo o que é produzido por Deus se expressa através dos atributos enquanto um modo da substância, ou seja, enquanto um produto certo e determinado da potência de Deus. Deus produz o mundo ao causar a si mesmo. Sob o aspecto da causa absoluta Deus é denominado na Ética como Natura Naturans ou substância, do ponto de vista da totalidade das coisas existentes Deus é Natura Naturata ou modos. Os modos podem ser imediatamente produzidos por Deus ou mediatamente produzidos. Temos assim os modos infinitos imediatos, os modos infinitos mediatos e, finalmente, os modos finitos. O Livro II, ?Da Natureza e Origem da Mente?, pretende explicar aquelas coisas que se seguem necessariamente da essência de Deus. Neste Livro Spinoza se propõe a elucidar apenas as coisas que se seguem dos atributos Extensão e Pensamento, já que dentre os infinitos atributos, estes são os únicos conhecidos pelo homem. Ou seja, este livro trata exclusivamente dos modos do atributo Pensamento (as idéias) e os modos do atributo Extensão (os corpos).
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