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Terceira Meditação
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Meditação Terceira ? De Deus: que Ele Existe. Se as coisas imaginadas ou exteriores a mim nada são, estou certo de que estas maneiras de pensar, existem e se encontram em mim. . Por mais que alguém quizer me enganar jamais poderá fazer com que eu pense que que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo Estabeleço então como regra geral que todas as coisas que posso discernir clara e distintamente são verdadeiras. (Continua entretanto a examinar se há um Deus e se ele pode ser enganador e divide os pensamentos em gêneros (vontades, afecções, juízos) procurando onde há verdade ou erro.) É verdadeiro que imagino as coisas e a falsidade nas afecções ou vontades o que não impede que se afirme que há desejo. Mas as idéias que estão em mim não são semelhantes ou conformes as coisas que estão fora de mim. Não incorro em erro se considerar as idéias apenas como formas ou modos, sem relação a algo exterior. Quais as razões para acreditar na semelhança das idéias com os objetos? Acreditei impulsivamente ver coisas fora de mim. Pelos órgãos dos sentidos capto imagens onde as coisas imprimem as semelhanças. As coisas de que tenho idéia existem fora de mim? As que me representam substâncias contém mais realidade objetiva, participam por representação num maior número de graus do ser ou de perfeição do que as que representam apenas modos ou acidentes. A idéia de Deus criador, eterno, infinito, onisciente tem mais realidade objetiva do que aquelas pelas quais substâncias finitas me são representadas. A luz natural evidencia que deve haver ao menos tanta realidade na causa eficiente e total quanto no seu efeito: o efeito só pode tirar sua realidade de sua causa. E esta causa só pode lhe ser comunicada se a tiver em si mesma. Decorre disto que o nada não poderia produzir coisa alguma, e o que é mais perfeito e contém em si mais realidade não pode decorrer do menos perfeito. Deve-se saber que: uma determinada realidade objetiva de uma idéia deve-se a uma causa, onde se encontra a realidade formal proporcional à realidade objetiva de uma idéia. Se não for assim então uma idéia surge do nada, o que não se pode dizer. Não devo também duvidar que seja necessário que a realidade esteja formalmente nas causas de minhas idéias. A remissão de uma idéia à outra idéia não se estende ao infinito, chega-se ao fim a uma primeira idéia, cuja causa, seja um padrão ou original, na qual toda a realidade ou perfeição esteja contida formalmente e em efeito, a qual só se encontre objetivamente ou por representação nessas idéias. As idéias jamais podem conter algo de maior ou de mais perfeito. A conclusão é que se a realidade objetiva de alguma de minhas idéias é tal que eu reconheça claramente que ela não está em mim nem formal nem eminentemente e que, por conseguinte, não posso eu mesmo, ser-lhe a causa, daí decorre necessariamente que não existo sozinho no mundo. Mas que há ainda algo que existe e que é a causa desta idéia: portanto resta tão somente a idéia de Deus que não pode ter provindo de mim mesmo: Deus é infinito e criou tudo. É preciso concluir que Deus existe, pois sendo eu finito, só ele poderia ter colocado coisas grandiosas em mim. Se eu fosse o autor de meu nascimento e existência, não me teria privado de conhecimentos de que minha natureza está despojada. Se sou coisa pensante, e tenho alguma idéia de Deus, a causa que se atribua à minha natureza, deve ser de igual modo coisa pensante e possuir em si a idéias de todas as perfeições que atribuo à natureza divina. Mas esta causa tem origem em outra causa: se ela tem a causa de si própria ela deve ser Deus: Deus é colocado como causa de si, autor de meu ser e soberanamente perfeito.
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