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Segunda Meditação -
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Meditação Segunda ? Da Natureza do Espírito Humano; e de como ele é mais fácil de conhecer do que o corpo. Descartes persevera no caminho da dúvida ainda que seja difícil. Lembra-se de Arquimedes que com um ponto seguro deslocou o globo terrestre de lugar.e espera alcançar somente uma coisa certa e indubitável. Retoma então a duvida sobre tudo: o corpo, a figura, a extensão, o movimento e o lugar: e se não houver nada que não seja incerto? O que pode ser considerado verdadeiro? Tendo duvidado de tudo o que existe no mundo (céu, terra, espírito, corpo) também eu poderia não existir. É certo que pensei estas coisas e nenhum espírito pode me enganar a ponto de fazer com que eu nada seja enquanto eu pensar ser alguma coisa. Certamente não, eu existia sem dúvida, se é que eu me persuadi, ou, apenas, pensei alguma coisa. Enquanto eu pensar ser alguma coisa, nada pode enganar a ponto de fazer com que eu nada seja,. A proposição eu sou, eu existo, é verdadeira todas as vezes que a enuncio ou concebo em meu espírito.Mas é preciso tomar cuidado para não confundir outra coisa com o que eu sou. (Retoma então o que acreditava ser antes da formulação do cogito). Pensei que era um homem que poderia ser definido como animal racional, o que determinaria um numero infindável de definições. Não há também como seguir esta via sem cair nas categorias da física já negadas: espaço, tempo figura, etc. apreendidas pela percepção. ?Das faculdades do corpo e da alma só o pensamento resiste à exclusão?. (1) O pensamento é atributo que me pertence. Só ele não pode ser separado de mim. Eu sou, eu existo. Por quanto tempo? Pelo tempo em que eu penso, pois poderia, talvez, ocorrer que, se eu deixasse de pensar, deixaria ao mesmo tempo de ser ou de existir. (Primeira Verdade). Sou uma coisa que pensa, isto é, um espírito, entendimento ou razão. Esse conhecimento não depende da existência de coisas não conhecidas ou imaginadas. Nada do que pode ser compreendido por meio da imaginação pertence a este conhecimento que tenho de mim. Uma coisa que pensa é uma coisa que duvida, concebe, afirma, nega. O imaginar e o sentir fazem parte do meu pensamento. Também sou eu quem duvida e isto não é necessário explicar. Mas meu espírito não podendo ainda conter-se nos justos limites desta verdade prossegue: e as coisas corpóreas, como negá-las? Este pedaço de cera, tem características que o tornam conhecido. Quando colocado no fogo, continua sendo cera? Sim, continua e então não era bem o que pensei (doçura do mel, agradável odor das flores, brancura) mas um corpo que pouco antes me aparecia sob certas formas e agora por outras. O que foi então considerado como percepção foi somente uma inspeção do espírito, que varia conforme a atenção se dirija às coisas que existem nela e das quais é composta. Julgo que compreendo, somente pelo poder de julgar que reside em meu espírito, aquilo que acreditava ver com meus olhos. Mesmo tendo-me equivocado em relação à percepção da cera, é certo que só um espírito humano pode formular algum juízo. 16- ?...não pode ocorrer quando penso ver, que eu, que penso, não seja alguma coisa.? Assim as causas que interferem no conhecimento da cera mostram muito mais fácil e evidentemente a natureza de meu espírito. É a terceira verdade: o espírito é mais fácil de conhecer do que o corpo. Os corpos podem ser concebidos pela faculdade de entender que existe em nós e não pela imaginação ou sentidos. Não os conhecemos vendo ou tocando, mas no tanto em que são pensados. Reconhecendo como evidência que o espírito é o que é mais fácil de conhecer. (1) -DESCARTES, René. Meditações. In Os Pensadores.Vol XV, São Paulo, Ed. Abril Cultural, 1973, p. 102.
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