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O Marxismo: Balanço Provisório
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O texto do Castoriadis foi escrito com o intuito de mostrar que o atual pensamento marxista em muito se distancia do que o próprio Marx ensinou, não pela falta de apego aos princípios do marxismo, mas justamente pelo apego exacerbado a eles. O que o autor quis dizer é que Marx saberia que sua teoria careceria de sofrer alterações com o decorrer do tempo e que essas alterações seriam tão necessárias quanto benéficas. Marx saberia disso, pois ele mesmo demonstrou que a significação de uma teoria deve ser compreendia na prática histórica e social que a ela corresponde. Ora, para Castoriadis, o marxismo se tornou uma espécie de seita, onde os seguidores buscam a pureza como se esta fosse revelada messianicamente. A sua argumentação se centra nesta idéia de que uma teoria, por melhor que ela seja, deve fazer parte de seu próprio tempo e, nesse contexto é que deve ser entendida e assimilada. Sendo assim, a crítica a teoria marxista em si pode então ser feita: o materialismo histórico não leva em conta a ação humana ? os homens não são coisas, objetos, não foram reificados ? então analisar a história de um ponto de vista puramente econômico é um erro de visão (apesar de que Engels tentou deixar claro que a Economia estuda pessoas e não coisas). Uma outra crítica é de que, ao contrário do que Marx pensava, o desenvolvimento da técnica não está automaticamente vinculada ao progresso humano, de modo que, afirmar que a mola de um novo sistema seria a técnica é desconsiderar os milhares de anos de desenvolvimento humano com pouco avanço técnico que marcou a humanidade desde a Grécia antiga até um pouco antes de Marx. Castoriadis, então, afirma que, a o material não precede a consciência mas anda junto com ela. Também, a idéia de um certo determinismo econômico presente no marxismo parece absurda para o autor, pois ele encara o homo oeconomicus como sendo um produto do capitalismo e somente dentro dele é que pode ser postulado. As ações do ser humano definitivamente não podem ser estudadas apenas à base de uma procura por interesses materiais. O erro está justamente na insistência de se valer de uma teoria formulada nas entranhas do capitalismo com o intuito de disseca-lo ? de dentro pra fora ? mas não levando em conta outros momentos, com outras vísceras a serem expostas. Depois disso, o autor vai se enlameando nas profusões teóricas do marxismo sem perceber (ou talvez percebendo) que entrar mo chiqueiro do vizinho com uma mangueira não necessariamente seja a melhor forma de lavar seus porcos. Podemos dizer isso porque o texto começa a ficar confuso. Por exemplo, várias linhas são gastas para minimizar a importância das lutas entre as classes no contexto histórico ? isso também seria mais próprio do capitalismo ? e, ao mesmo tempo, se afirma que a luta de classes não é um conceito importante dentro do marxismo pois o que transparece é o materialismo histórico, as lutas de classes seriam uma explicação política, voltada para a ação, tão própria do espírito marxista, então, por que refutar uma idéia que o próprio Marx considerava secundária? Mas a crítica continua marteleteando os pilares marxistas: a compressão de a história á partir de uma visão, seja do proletariado ou da burguesia, será sempre uma visão, presa há seu tempo e a sua classe, não se pode usa-la em outro momento ou em outra situação, ou mesmo em outra sociedade. O proletariado, afinal de contas, talvez não seja a ?última classe? como apregoava Marx. Ainda assim, apesar de todas as críticas, fica parecendo que o autor tenta perdoar o próprio Marx ao passo que pugna com os marxistas. Á partir daí o autor faz alguns retornos a suas idéias já apresentadas, também apresenta novas, mas agora trabalha com maior condescendência. Compara mais uma vez, o pensamento de Marx com o de Hegel e outros e tenta mostrar para onde irá, por fim, o marxismo. Tal texto, do Castoriadis, é, sem nenhuma dúvida, um formidável esquadrinhamento e uma tremenda ?sacolejada? nos marxistas com pouca inspiração reflexiva. Leva-nos a pensar no por quê, afinal, tantos são marxistas, o próprio Castoriadis o é. A resposta está dada: ?nenhuma teoria pode ser compreendida independentemente da prática histórica e social à qual ela corresponde?.
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