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Democracia e filosofia na Grécia Antiga
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Entre os séculos VIII e V a.C., desenvolvem-se o esforço para a construção de uma sociedade justa e a busca de um processo de pensamento racional, livre de preconceitos, que vão resultar na democracia e na filosofia. A democracia grega, principalmente a de Atenas, é o resultado de sucessivas lutas: primeiro, ricos e comerciantes sem acesso ao poder contra a aristocracia hereditária que o monopoliza; em seguida, as duas camadas acima que já compartilham o poder contra as classes mais pobres. A democracia representa um frágil e tenso equilíbrio entre as várias camadas sociais que, apesar das divergências que as separam, adquirem todas o direito de participação política. A filosofia atinge na Grécia o maior grau de elaboração quando a democracia já havia entrado em decadência, por isso, ela mantém diante da democracia uma postura nem sempre favorável. Apesar disso, uma e outra possuem raízes comuns: as condições históricas próprias do mundo grego. Um mundo sem dogmas Ao contrário de outras civilizações do seu tempo, a sociedade grega não conhece uma casta sacerdotal que monopolize os livros sagrados e a verdade revelada. A própria escrita não é um segredos dos governantes e escribas, mas de domínio comum, o que possibilita a ampla difusão e discussão de idéias. Não existe uma teologia elaborada que forneça explicações coerentes do mundo, o que facilita o livre desenvolvimento do pensamento. Os deuses gregos são humanos, demasiadamente humanos, e muito pouco servem de inspiração para um pensamento mais elaborado. Política sem deuses Já no período homérico a idéia de rei divino desaparece. A política e o governo tornam-se mais e mais um assunto e uma atividade especialmente humanos. O homem até seria definido, mais tarde, por Aristóteles, como zoón politkón, isto é, animal político. Cada comunidade grega é uma cidade-Estado (polis) autônoma, com dimensões de um pequeno município. Todas seguiam o modelo de Atenas. E é em Atenas que o zoón politikón aparece em sua plenitude, e disso o ateniense se orgulha, como uma característica que o distingue de outros povos. Ao contrário dos povos bárbaros, que ele despreza, o ateniense não vive sob o mando de um rei. Ele tem consciência de viver em sociedade, sabe que é ateniense porque é cidadão, e que é cidadão porque participa da vida pública da cidade. Os destinos da polis são de responsabilidade comum de todos os cidadãos, acima dos quais não há nada a não ser as leis que eles mesmo elaboraram. Até mesmo os espartanos, em vários aspectos tão diferentes dos atenienses, imitavam-nos quando enviaram embaixadores aos persas: ?Não temos outro senhor a não ser a lei.? Orestíada ? trilogia do dramaturgo Ésquilo, do século V a.C. ? Orestes mata sua própria mãe para vingar o pai, traído e assassinado por ela. Surge então um conflito: Orestes vingou-se com base na lei dos homens, mas infringiu a dos deuses. Perseguido pelas Fúrias, ?filhas da noite?, o herói enlouquece. Mas, por fim, prevalece a lei da cidade: no julgamento, Atena intervém a favor de Orestes, e as Fúrias transformam-se em Eumênides, divindade cuja função será a de proteger a cidade, mas sem interferir na sua vida interna. Fundamento da democracia grega: a idéia de que a soberania é da lei ? e não dos deuses ou de algum rei. Na democracia, a lei tornou-se impessoal, como uma obra coletiva, resultado de uma decisão tomada por todos, reunidos em assembléia pública. Mas, bem entendido: todos menos mulheres, crianças, estrangeiros e escravos ? a quem era negada a condição de cidadãos. Para chegar até essa idéia de soberania, os atenienses passaram por vários sistemas de governo. Diante de sérios conflitos entre grupos sociais que disputavam o poder, chegaram mesmo a escolher tiranos (que então significavam ?árbitros?) para servirem de mediadores dos diversos interesses, encarnando em uma pessoa a aut
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