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Crítica da Razão Tupiniquim
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A análise feita por Roberto Gomes propõe que o pensar brasileiro no que diz respeito, por exemplo, à dependência, reduz-se a uma constatação mecânica entre o estrangeiro (exterior, de fora) e o nacional (interno, o de dentro), assimilador e reprodutor do estrangeiro. O que move esta contraposição é a existência de um jogo excludente entre o externo ? autêntico, porque original ? é o interno ? falso, porque alheio à realidade local. A proposta de Roberto Gomes incorre numa dicotomia simplista que trabalha com oposições como depependente-hegemônico, colônia-metrópole, nacional-estrangeiro. Dicotomia essa que se resolve em considerações não menos simplistas, que permeiam toda a C.R.T., como a de sermos macacos deslumbrados com o sucesso da Europa etc. Pelo fato de o conceito de dependência aparecer na C.R.T como aleatório, sem vinculação com um contexto universalizante, no qual estão imbricados os estados nacionais, e nestes, internamente com as classes, a dependência assume características de regionalismo desfigurado, de noção ultrajada e submetida ao mimetismo da mãe-europa. A categoria de dependência só teria sentido se usada na pressuposição de que há uma filosofia sobre um país dependente e sobre o qual ela se aplica; pressuposição que é recusada pela C.R.T, uma vez que a pretensão do livro é provar que não há uma filosofia ?nossa?. A C.R.T hipostasia uma realidade, o que de pronto exige outra consciência, outros fins, interesses preocupações. ?Urge ser que somos - descobrir-se no Brasil, na América Latina. Sem ?outro? ao qual nos passamos agarrar?. A conseqüência é a presença de razão isolada: ?Só a solidão gera pensamento ? só na tragédia nasce filosofia?. Nada melhor para o autoritarismo do que essa frágil razão. A crítica à Crítica da Razão Tupiniquim deve terminar com uma pergunta. Deve-se, de fato, inventar uma filosofia original? A resposta a esta questão implica perguntar: o que significa pensamento ?criador?? Criar não significa inventar uma filosofia que quer expressar determinada realidade, supostamente privilegiada para esta filosofia; mas atuar no sentido da transformação histórica, na medida em que essa filosofia for o instrumental crítico do real concreto. Uma filosofia que não se reduz a puras especulações interpretativas, mas que enquanto teoria, se radica na práxis; eis aí a dimensão criativa-criadora de uma filosofia. Com efeito, é possível concordar com Roberto Gomes quando afirma que o importante é suscitar um pensamento que não seja expressão de domínio, sem contudo, implicar a obrigação de verificar as condições de sua brasilidade como possibilidade da sua existência. É evidente que uma filosofia deve ter em conta nossa situação concreta, sem que isso leve ao delírio de um pensamento rotulado com determinada cidadania. César Augusto Ramos recorre ao pensamento gramisciniano para dar sustentação a muitas de suas críticas a Roberto Gomes. Filosofar não é repetir o mestre utilizando fórmulas gastas, justamente porque não há fórmulas, mas o método, que também não é uma forma. A filosofia surge no instante mesmo em que a realidade é pensada, implicando a sua transformação. É possível uma filosofia brasileira desde que, dada uma realidade capitalista, o nosso intelecto ? esse Macunaima do pensamento brasileiro - aprenda a filosofar, e não fique imbecilizado olhando o dedo, enquanto o sábio aponta para a lua; mas também a validade dos juízos sintéticos a priori de Kant. Do contrário, a filosofia adquire a dimensão de um soc
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