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Eros e Civilização - Resumo pela lente da Razão


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Herbert Marcuse, em seu livro Eros e
Civilização quer desmembrar os passos que se sucedem gradativamente acerca
da civilização humana, desde o logos e o Eros gregos até os
termos mais modernos da psicanálise, a fim de demonstrar as conseqüências desta
genealogia bissocial. O autor não refaz apenas os passos freudianos, mas
explica sob um novo aspecto a humanidade e os princípios de prazer e realidade
que parecem ligar intrinsecamente a barbárie ao homem. Marcuse ao retraçar a
história metafísica, indica cada momento como frágil e precário, sempre em
crise entre as exigências do Universal e do Particular, da Razão e da Paixão,
do Logos e do Eros, do Ser e do Desejo .

Ademais, o
mecanismo individual humano da psiquê e a estrutura deste aparelho psíquico são
definidos como resultado de um longo processo inegavelmente biológico e social,
onde a primeira se versa sobre os princípios de prazer e Nirvana, e a segunda
sobre o princípio de realidade. Contudo, o princípio de realidade obscurece o
princípio de prazer, não apenas hoje quando os homens se submetem às horas
diárias de uma tortura trabalhista, mas desde os primórdios se pode observar
tal evento implicando no aparecimento da civilização.

Esta inibição do
Nirvana cresce conforme o progresso, como se a civilização incutisse em cada
membro constituinte de seu todo que há uma esperança vindoura, seja na forma de
finais de semana, ou folgas, ou gratificações, essas satisfações substitutivas,
tal como as oferecidas pela arte, são ilusões, em contraste com a realidade;
nem por isso, contudo, se revelam menos eficazes psiquicamente, graças ao papel
que a fantasia assumiu na vida mental, não com o intuito de uma destruição da
massa, mas sugerindo que o progresso permanece ligado a uma tendência
regressiva na estrutura instintiva.

Marcuse faz uma
retomada histórico-filosófica deste ?destino? humano que, aliás, é trilhado
continuamente, desde o conceito metafísico defendido por Platão, Aristóteles e
Hegel, até Freud, Nietzsche e Marx, que ultrapassaram esta linha metafísica
mediante uma ótica filosófica, mostrando um processo constitutivo da
civilização como uma perfeição de um processo repressivo e destrutivo.

O autor sugere ?certos pontos nodais no
desenvolvimento da Filosofia ocidental? revelando os limites históricos de seu
sistema da razão, e a incessante tentativa de ultrapassá-lo. Neste contexto se
observa a luta antagônica entre o progresso e o eterno retorno. A razão
é tal qual um instrumento repressor da civilização, e que está na base para
regulamentar toda e qualquer tentativa humana de felicidade prazerosa. A
hostilidade entre a razão e a supressão é tamanha que se referir ao prazer é
estar contra a tudo o que seja racional, ainda mais quando a linguagem
permanece com este caráter semântico de profanação, a difamação do princípio de
prazer provou seu irresistível poder, acusar-lhe era mais desejoso do que
entender-lhe.

Desta forma, Marcuse revela em seu livro não
apenas a razão como um instrumento propriamente humano desde os primórdios, mas
que além de capacitar a sociedade a progredir lhe aprisiona e cerceia qualquer
tentativa de prazer.


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