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A Cabeça Bem-Feita
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A cabeça bem-feita é uma obra polêmica de um autor polêmico. No prefácio, com palavras carregadas de emoção, Edgar Morin apresenta o também polêmico contexto em que foi gestado este livro, que em algum nível, pretende ser um Emílio ou Da educação como o fez Jean-Jacques Rousseau. Dividido em nove capítulos e dois anexos, o livro é um conjunto denso e articulado de textos independentes, cuja unidade está na discussão de idéias e conceitos, a partir dos quais o autor propõe os caminhos para o repensar das reformas de ensino. Assim, os sentidos que ligam os capítulos entre si, evocados insistentemente em todos eles, estão basicamente na necessidade da reforma do pensamento para repensar a reforma do ensino e na urgência da finalidade da cabeça bem-feita como sentido último da educação e do ensino. O livro revela que para Edgar Morin, a missão da Educação deve ser: contribuir para a autoformação da pessoa; ensinar a assumir a condição humana; ensinar a viver; e ensinar como se tornar um cidadão numa época que exige a construção de uma identidade que seja ao mesmo tempo nacional, continental e planetária. Além disso, destaca que a missão do didatismo deve ser encorajar o autodidatismo, despertando, provocando e favorecendo a autonomia de espírito. Afirma isto, evocando a situação do ser humano no mundo, minúscula parte do todo, mas que contém a presença do todo nessa minúscula parte. Um ser humano que está em um planeta minúsculo, satélite de um sol de subúrbio, astro pigmeu perdido entre milhares de estrelas da via-láctea, galáxia periférica em um cosmo em expansão privado de centro. Um ser humano que se lançou há alguns milhões de anos, no processo de hominização realizando, ao mesmo tempo, a passagem do animal ao humano e a passagem da natureza à cultura. Deslizando entre os termos educação e ensino, lança a idéia de ensino educativo, cuja missão não é a de transmitir um mero saber, mas uma cultura que permita compreender a nossa condição e nos ajude a viver, favorecendo ao mesmo tempo um modo de pensar aberto e livre. Denuncia claramente que a continuação do processo técnico-científico atual, de expansão descontrolada da hiperespecialização do saber, leva a uma grande regressão da democracia. Assim, enquanto o expert perde a aptidão de conceber o global e o fundamental, o cidadão perde o direito ao conhecimento. A partir daí, a perda do saber, muito mal compensada pela vulgarização da mídia, levanta o problema histórico, agora capital, da necessidade de uma democracia cognitiva. Tais afirmativas podem sugerir um diálogo entre o pensamento de Paulo Freire e deste autor. Sobretudo quando confrontadas com as idéias freirianas de que o homem não é o homem está sendo; de que conhecimento não se transmite se constrói; e, finalmente, de que ninguém ensina ninguém, mas todos aprendem juntos compartilhando as interpretações da realidade à luz de um pensamento crítico, como meio de apreender o mundo e seus problemas a fim de transformá-lo em um outro mundo melhor, de relações homem-homem e homem-meio mais justas e equilibradas.
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