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Fantoches- Suas origens e tradições religiosas


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Na sua origem o espectáculo de fantoches esteve confundido com as manifestações animistas das sociedades primitivas. Hieráticas, proféticas, iniciadoras, conjuradoras, as marionetas, os fantoches, serviram todas as formas de uma dramaturgia simbólica, desde as manifestações colectivas das sociedades arcaicas, até às manifestações mais elaboradas da liturgia cristã. A sua aparição na Grécia, situa-se já numa fase da civilização elevada, e podemos considerá-las descendentes da estatuária animada egípcia.

A escultura dedaliense (labiríntica) e as estátuas dos deuses, como os tripés animados de Vulcano, deixaram-nos os vestígios desta arte de animação, que se perpetuará através do império romano, até à Idade Média, no quadro das igrejas e das cerimónias cristãs. Na antiguidade clássica, os fantoches monumentais encontravam-se no interior dos templos, mas participavam também nas cerimónias das festas de iniciação; admite-se  que essas representações, de carácter sagrado, tenham conhecido igualmente formas miniaturizadas do tipo de teatro de Antinoé, descoberto por Cayet, em 1904.

A igreja cristã retomou  por sua conta os espectáculos de fantoches mas com  uma transformação,no Século VII, o concílio Quinisexto toma posição contra a representação por sinais ou símbolos de Cristo e dos Santos: eles deverão aparecer daqui em diante sob feições humanas. Esta escolha de uma estatuária antropomórfica é sem dúvida determinante no desenvolvimento dos fantoches figurativos e imitativos dos homens: que marca até hoje o estilo, a técnica e a estética destess espectáculos . 

Por toda a parte na Europa, espectáculos  inspirados nas Escrituras Santas, invadem as igrejas. A este declínio do emprego do signo em proveito dos fantochinhos, sucede uma decadência cenográfica, quando o Concílio do Trento,  interdiz as representações nas igrejas, uma representação concebida à escala de um templo encontra-se substituída por uma cenografia reduzida aos castelinhos ambulantes, miniaturizada e muitas vezes miserável. Alguns grandes teatros ambulantes do século XIX ou teatros locais ,os de Lyon ou de Liège,  tornaram  a dar a esse repertório uma qualidade de representação e um sucesso popular .

Esse reportório conheceu na Europa múltiplas formas populares ou culturais. No século X, as monjas de Gandersbeir fizeram representações de fantoches, com adaptações da sua abadessa Hrotavitha, onde elementos familiares e cómicos se misturavam com cenas de martírio, de perseguição, de milagres, etc., a partir do século XIII, e em toda a Europa, representam-se em frente dos altares episódios dos Evangelhos e da Legenda Áurea, é  em Londres, a visitação do Espírito Santo, ou em Witney, no Condado de Oxford, e da ressurreição de Cristo, enquanto que em Itália, na Alemanha, no Tirol, na Morávia, na Polónia, são representados temas da Natividade ? e do massacre dos inocentes, que ficarão, até aos nossos dias, no reportório dos fantoches de Liège.  Esse reportório estava também ligado à acção militante da Igreja que em Portugal, deu  aos fantoches  o nome de Bonifrates, que quer dizer frades, consagrando assim a predominância dos temas piedosos ilustrados por aqueles personagens. Em Anvers, a representação do Purgatório, por um pequeno teatro construído num cemitério, faz a glória dos dominicanos.  Em Inglaterra,  no reinado de Isabel, as representações dos ?miracle-plays? multiplicam-se, enquanto que, na Alemanha e na França se vê um pouco mais tarde, nos cartazes dos casteletes, adaptações ?Paraíso Perdido?, segundo  Milton.  Enfim, todo o século XVIII vê florescer as representações da Natividade e da Paixão, que se encontrarão inscritas no reportório de todos os teatros populares de fantoches, no século XIX assim como outros temas adaptados das escrituras e entre eles o clássico : ?A Tentação de St. António?, que  inspirará Flaubert.

 Dois tipos deixaram traços duradouros, que nos parecem atingir as personagens actuais de uma arte de animação à escala de um vasto público popular.  São primeiro que tudo, as ?Mitouries Dieppoises? representadas por meados de Agosto, na Igreja de S. Tiago, de Diette, na França. 

O outro exemplo são os presépios animados, que parece terem-se espalhado por toda a Europa, a partir do século XIII.  Estes vão encontrar  a sua expressão mais convincente e mais duradoira na ?szopka? cracoviana A ?szopka? ? ou pequeno estábulo ? é composta pelo presépio tradicional . As personagens são fixadas numa composição imóvel, . O  Presépio  tem um vasto proscénio, tipo mansõessobrevivência medieval.  Depois, esta composição conhece uma profunda transformação à qual não parecem estranhos os fantoches franceses e italianos conhecidos na  Polónia desde a segunda metade do século XVII. O proscénio reduz-se para finalmente desaparecer nos nossos dias, até 1862 Depois, as mansões desapareceram, substituídas por torres, ornamento arquitectónico, desde meados do século XVIII.  Nesta arquitectura do tipo ?fachada de catedral?com os seus múltiplos planos, que não são ainda utilizados como planos de representação, o lugar pimitivo do presépio, cercado por todos os lados, identifica-se pouco a pouco com a cena à italiana, tal como nós a conhecemos, ela comportaria um manto de Arlequim e uma cortina, A dramaturgia da ?szopka? evoca  a Natividade, e temas da tradição cristã, ela evolui com elementos novos, como o Diabo, a Morte.  Depois, personagens populares  .invadem pouco a pouco o texto dos mistérios com outras improvisações  a sua  multiplicação  faz evoluir o espectáculo para  duas personagens que, vindo de uma outra parte da cena, se encontram no centro. Jovens, camponeses mercadores, judeus e alemães, soldados polacos e húngaros médicos e mendigos compõem  estes  heróis populares.  

Expulsos das igrejas, em 1739, pelo bispo de Posen, daí em diante sem referência às tradições religiosas, a ?szopka?, graças à riqueza dos seus meios de expressão , implanta-se tão bem no quadro dos espectáculos populares como no das investigações estáticas .

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