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A Política Cultural na Época de D. João III
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Para além do drama económico da classe dirigente, em finais do século XV, a rarefacção de mão-de-obra nos campos e a consequente baixa de produção agrícola agravaram esta situação. Além disso, repercutiu-se também em Portugal, na época da Renascença, o fenómeno do alargamento das necessidades vitais, que lá fora se processava e que os moralistas e representantes da classe popular denominavam de luxo.
Como meio de refazer a paridade entre as receitas e as despesas individuais, o número de funcionários superiores da Administração multiplica-se extraordinariamente, e o ingresso da nobreza nos quadros respectivos é cada vez mais normal.
Relaciona-se com este assalto da classe dirigente aos empregos lucrativos do Paço e da administração pública a afluência de estudantes aristocratas aos estabelecimentos de ensino e a protecção social que a realeza dispensou aos universitários de Coimbra.
Na época de D. João III, produziu-se em Portugal uma importantíssima renovação da classe dirigente e da sua posição no mundo da cultura. Assim se consumou a fusão da cultura e da nobreza no quadro único de um Estado forte e de uma sociedade hierárquica, numa linha de acção inteligente.
Mas para além da sociedade civil, também houve modificações profundas na estrutura da sociedade eclesiástica. Durante a Idade Média, a actividade da Igreja mostrara-se insubstituível em várias vertentes: preservação da fé católica das populações; a sua mentalização para a cruzada conta o infiel; o restabelecimento da produção, da ordem e do trabalho no meio rural. Com o despoletar da fé protestante e o reformismo religioso de Erasmo, pesava a ameaça sobre o corpo eclesiástico enquanto classe. As implicações sociais das teorias e das políticas religiosas de Além-fronteiras estimulavam os membros do clero à luta no campo da defesa da fé católica. A noção de tolerância e de convivência paritária entre pessoas de crenças ou ideologias diferentes, continuava a ser-lhe estranha.
D. João III inscreveu no seu programa de Governo a reforma do ensino e o intercâmbio escolar. Em 1526, depois de pôr o Colégio de Santa Bárbara ao serviço da formação ideológica e científica da juventude portuguesa, deu-se um grande impulso na actividade escolar em Portugal.
A partir de 1535, e sobretudo a desde 1540, o escol intelectual do País ficou constituído, em grande parte, por jovens formados além dos Pirinéus. Pela influência dos bolseiros, subiu em qualidade e intensidade o contexto mental da além-Pirinéus existente na corte de D. João III. Convém, no entanto, não esquecer a importância, na política cultural do Governo, de alguns diplomatas e agentes comerciais, e sobretudo, dos estrangeiros que se radicaram entre nós, e os letrados de formação itálica.
As actividades académicas do Colégio das Artes não se pautavam pelo ideal monástico, mas sim por um ideal laico de uma existência na sociedade civil, sendo, como tal, um factor de promoção das classes dominantes do laicado. Procurava assim o Rei português fazer face à exigência de uma cultura intelectual de base, como elemento indispensável na formação do homem educado e para o desempenho da política e da administração pública.
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