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Tradição e talento individual
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No antológico ensaio "Tradição e talento individual" (Ensaios, Art Editora, 1989, p. 37-48), escrito por Thomas Stearns Eliot, em 1919, encontram-se teses fundamentais para se pensar a relação tradição-ruptura/inovação. De fato, a pulsão da originalidade na literatura e nas artes tem sido a atitude comum desde o romantismo. Entretanto, Eliot se opõe a esse fetiche do novo.Uma de suas teses é a de que todo poeta deve produzir com a consciência de seu passado. Outra, em relação à questão da emoção e da escritura. O ensaísta prega que a poesia não deve ser a expressão confessional do poeta, mas que deve alcançar um espectro maior de experiências que não são, necessariamente, as do autor, e se o forem, devem ter as marcas do impessoal. As dores do poeta, aí despersonalizado, devem apenas transparecer seu talento. Para se chegar a esse distanciamento, sugere Eliot que há um exercício de "concentração", que não ocorre no nível da consciência nem resulta de deliberação. Portanto, concentração e não emoção espontânea. O poeta alcança a maturidade quando se insere em uma linhagem de produção poética que o antecede. É competência do poeta moderno (e do modernismo) dar um novo matiz ao que já está dado na tradição poética. Além de ensaísta, o também famoso poeta Eliot almeja retirar as máscaras da crítica de seu tempo, naquilo que mais lhe é marca: a crítica enfatiza o traço individual, valoriza o talento individual nas novas produções literárias. Eliot denomina esse impulso de preconceito, que poderá barrar a percepção para o que talvez seja a melhor contribuição dos escritores contemporâneos: reforçar a imortalidade de seus ancestrais através da homenagem e do compromisso com a tradição. Traição aí é uma proposta de Eliot no sentido da ligação com o que ele denomina "sentido histórico". Assim, esse sentido histórico leva o homem a se expressar não apenas nos limites da geração a que pertence, mas com uma atitude na qual a totalidade da produção literária da Europa desde Homero está simultânea e produtivamente ativa na poética do presente.
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