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A tempestade


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Harold Bloom é o grande personagem de sua própria crítica em torno das obras de Shakespeare. No artigo ?The tempest?, como em todos os artigos sobre as outras peças shakesperianas, o lugar de enunciação desse crítico norte-americano, professor de instituições renomadas, tais como Harvard University e Yale Univesity, é constantemente relembrado: sua persistente crítica ao que ele denomina de ?a escola do ressentimento?, especialmente as feministas, os marxistas, os pós-estruturalistas (desconstrucionistas e semióticos), bem como outros métodos acadêmicos de crítica literária em torno dos Estudos Culturais.
Caliban, personagem da peça sob análise de Bloom neste artigo, tem sido nas últimas décadas tomado como símbolo do Outro desrecalcado pela crítica cultural, o que é rechaçado por Bloom, que chama de ignorância do pathos shakesperiano por parte dos seus detratados. Para ele, Caliban não passa de uma besta quase humana, sem qualquer possibilidade de ser retratado como herói caribenho-africano, o que não passaria de uma releitura coberta de ideologia ressentida. É por isso que Bloom aponta Prospero, o mago anti-Fausto, que fez um pacto com o aprendizado profundo do tipo hermético, como personagem central de A tempestade. Ainda assim, Bloom relembra que o público nunca gostou do caráter frio de Prospero, e que este poderia ser comparado a Freud. Também relembra que o caráter cômico da peça, no sentido de que termina de modo feliz ou satisfatório, tem sido negligenciado por diretores e atores ao longo do tempo, o que evita risadas por parte do público, pois há uma falha generalizada em se reconhecer e se explorar o contraste entre a autoridade do anti-Fausto e o grotesco de seus inimigos.
Em nota editorial na quarta capa da versão aqui utilizada de Shakespeare: the invention of the human, livro ao qual o artigo em questão pertence, há um resumo de sua obsessão em colocar Shakespeare no centro do cânone ocidental, como faz em sua obra mais conhecida ? O cânone ocidental: ?Bloom apresenta uma das mais ousadas teses sobre os estudos shakespearianos ? que Shakespeare não apenas reinventou a língua inglesa, mas também criou a natureza humana como a conhecemos hoje?. Essa tese é repetida de várias maneiras em todas as páginas deste artigo, em seus vários matizes.
A proposta da obra como um todo é apresentar as peças de Shakespeare, o que é efetivamente feito, do ponto de vista didático. A leitura desse artigo, portanto, é muito relevante para leigos e estudiosos dos trabalhos do bardo de Stradford-upon-Avon. Finalmente, assim como Bloom suspeita que a determinação de Prospero em jogar seu livro (de magia) ao mar esconde a possibilidade de que não tenha de fato abdicado de seu poder, pois ele tem muitos outros livros, também o texto de Harold não deve ser atirado ao mar, pois de fato é uma leitura que inspira por sua ambiência apaixonada, sem perder a erudição.


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