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Claudio Manuel da Costa (1729-1789)
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Cláudio Manuel, o mais velho dos poetas do grupo mineiro e, acredita-se, guia e orientador de pelo menos Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto, é um poeta de transição, formado no período Barroco, mas que escolhe o Neoclassicismo, segundo suas palavras no prefácio das Obras Poéticas. Apesar dessa escolha, o poeta nunca abandona completamente a escola literária de sua mocidade. Alguns de seus poemas, a maioria deles, aliás, revestem-se de características que lembram, de perto, o dificismo barroco, tanto na sua corrente cultista quanto na conceptista. Hesitando entre os princípios do Arcadismo, que o levavam a idealizar a natureza, e seus sentimentos nativistas, que o levavam a descrevê-la tal qual se apresentava a seus olhos, Cláudio Manuel busca uma solução. Tenta, a princípio, transferir a paisagem européia para o Brasil, para Minas, mais precisamente. Além disso, como na 'I Fábula do Ribeirão do Carmo", coloca deuses da antiguidade agindo no interior de Minas. O próprio Cláudio Manuel, no entanto, reconhece o chocante dessa situação, abrindo novos caminhos para os poetas brasileiros, que já não tentam esse tipo de conciliação, procurando, ao contrário, utilizar a natureza brasileira - como ela é ? servindo de pano de fundo para suas composições poéticas. Cláudio Manuel da Costa, além de grande número de poemas líricos deixou também um poema épico, Vila Rica, sobre a descoberta do ouro em Minas Gerais e a fundação de Vila Rica.
Soneto Destes penhascos fez a natureza O berço, em que nasci: oh quem cuidara, Que entre penhas tão' duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres, por empresa Tomou logo render-me; ele declara Contra o meu coração guerra tão rara, Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano, A que dava ocasião minha brandura, Nunca pude fugir ao cego engano:
Vós, que ostentais a condição mais dura, Temei, penhas, temei; que Amor tirano, Onde há mais resistência, mas se apura.
(Apud Ramos, Péricles Eugênio da Silva. A Poesia do Ouro, Cultrix, 1968, pág. 124.)
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