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Prometeu: ensaio espiritual da Europa
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Os três continentes do velho mundo: Ásia, África e Europa, têm a sua expressão espiritual própria. Duma expressão pessoal e colectiva em cada um destes continentes resultou a sua própria expressão espiritual: na Ásia nasceu o religioso, na África o feitiço e na Europa o mitológico. E são estas as três fases do nascimento do espírito: o selvagem, o divino e o humano; África, Ásia e Europa. A mitologia é o mundo do espírito com a prevalência do humano. O religioso é o mundo do espírito com a prevalência do divino. Prometeu e Jesus Cristo são fundamentais no nascimento e vida da Europa. Jesus, vindo da Ásia, é o portador da expressão do seu continente: o religioso. Prometeu, personagem da Grécia Antiga, o berço genuíno da Europa, descobriu ou preparou a maior descoberta humana: o humano. Prometeu é o vértice inicial da ideia clássica greco-latina que fez a civilização e cultura da Europa. Em Prometeu, o que está simbolicamente representado pelos segredos dos deuses é o conhecimento humano. O conhecimento está ao alcance de qualquer. O conhecimento é único e o caminho para o conhecimento também é único. Pessoal é apenas o trabalho de cada um ao percorrer o caminho para o conhecimento. Mas o Homem não é um homem. O Homem somos nós e cada um de nó. Cada um é o resultado de toda a gente. O Homem não é só Prometeu, é Prometeu e mais o resto dos mortais, toda a humanidade com todos os seus humanos, os heróis e os não heróis, os privilegiados pela natureza e aqueles a quem a natureza não preferiu, todos sem excepção. O conhecimento não servirá a ninguém enquanto não for de todos. Prometeu é o universal pelo conhecimento. Jesus Cristo é o universal pela fé. Jesus Cristo ganhou a Europa pela fé, mas a Europa não renega Prometeu. A Europa é ao mesmo tempo o conhecimento e a fé. A diversidade de raças de sangue e de civilização, e sobretudo a longa fixação desta diversidade, permite à Europa uma infinidade tal de caracteres humanos fixos e distintíssimos uns dos outros, mesmo observados dentro de uma mesma racionalidade, que isto representa nem mais nem menos do que a maior fortuna espiritual da Europa e com a qual nenhum outro continente pode competir. Há duas maneiras de atingir o universal: o conhecimento e a fé, Prometeu e Jesus Cristo. Se fosse apenas Cristo, ou só Prometeu a marcarem o perfil da Europa, resultaria um totalismo da fé ou totalismo do conhecimento, e teria sido outro o resultado do mundo actual europeu, no qual é evidente a característica unanimista da Europa juntando às possibilidades da personalidade humana pela fé, as possibilidades da personalidade humana pelo conhecimento. As várias religiões e as várias nacionalidades são a garantia das respectivas individualidades humanas ocupando as várias posições geográficas dentro da Europa e formando o todo da Europa no mundo universal. Qual é afinal a expressão do universal? É a sobreposição, a justaposição no mesmo e único ser humano das duas consciências legítimas: a universal e a individual. A humanidade nasce inteira de vida mas informe. Cada qual há-de conquistar a Forma com os seus próprios poderes pessoais, como Prometeu roubando pessoalmente os segredos dos deuses, ou como Cristo o Deus feito homem, ou se é possível com o exemplo de ambos. A união de pequenos estados da Europa e da qual resultaram as grandes potências unificadas da Inglaterra, da Alemanha, da França, da Rússia, da Itália e da Espanha, não será um reflexo da necessidade vital em que se encontram as políticas nacionais de atingirem o universal? Prometeu e Cristo são ambos uma mesma ideia, fazendo um e outro coincidir a consciência individual na unidade pessoal de cada ser humano.
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