|
|
Página Principal : Teoria e Crítica
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo
Publicidade
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo Autor: Max Weber Resumo de: João Marcos Sobreira Lucas
Nesta obra Weber compara várias religiões no tocante, principalmente, a sua conduta ética. Weber destacou o Calvinismo como a religião que contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento do capitalismo moderno. O fundamento desta tese está no fato do Calvinismo defender a doutrina da predestinação. Isto significa que o indivíduo já nasce eleito (salvo) por Deus ou condenado ao inferno. Consequentemente o grande tormento psicológico para um calvinista da época era a dúvida (salvação ou condenação?).
O modo de vida do homem calvinista era racionalizado, sistemático; qualquer atividade realizada era para aumentar a glória do Senhor. Praticava um ascetismo racional; isto significa que tudo deveria ter um propósito lógico, que justificasse sua execução. Como por exemplo, assim como o sexo seria para procriação, o esporte seria para manutenção da saúde. Imbuídos desse pensamento, qualquer atividade com finalidade lúdica ou obtenção de prazer carnal seria condenado por Deus.
A solução técnica encontrada pelos calvinistas para se ter certeza da salvação foi através do trabalho. Seu sucesso material, oriundo do trabalho, seria traduzido como uma bênção de Deus. Quanto mais riquezas alcançadas (maior acúmulo de capital) maior a certeza de ser um homem escolhido por Deus. Antagonicamente, um homem pobre seria, na visão calvinista, um predestinado ao inferno.
O homem calvinista dedicava seu tempo a trabalhar como meio de se certificar da salvação e não como meio de obtê-la, já que segundo o Calvinismo o homem já nasce predestinado. Isso levou a formação de um grande número de postos de trabalho, de mão-de-obra especializada. Porém, a riqueza alcançada não seria utilizada de forma egocêntrica, mas sim somente poderia ser usufruída como meio de subsistência e que servisse ao aumento da glória do Senhor. Esse comportamento levou os calvinistas ao acúmulo de riquezas e a eliminação de gastos desnecessários. Consequentemente houve um aumento de poupança, que por sua vez levou ao aumento de capital (através dos juros), o que forneceu a base necessária ao desenvolvimento do capitalismo moderno.
Segundo Weber, o Luteranismo não contribuiu para o desenvolvimento do espírito do capitalismo devido a sua ética se apoiar na doutrina da salvação pela fé. Portanto, um Luterano não precisaria de um sinal material para se ter a certeza da salvação, bastaria unicamente a fé em Deus.
Ainda segundo Weber, o Catolicismo também não poderia ter contribuído para tal fim, já que no Catolicismo os pecados são perdoados por absolvição, o que faz com que seus membros se sintam confortáveis em relação à vida eterna, pois basta a confissão para serem perdoados. Weber eliminou a possibilidade da vaidade humana, entre os calvinistas, ter sido o fator para o acúmulo de riquezas. Lembrando que Weber excluiu essa hipótese baseado em milionários puritanos norte-americanos que não deixaram herança para os filhos; alegaram que isto (a herança) poderia levá-los ao desprezo pelo trabalho. Porém, vejo que esta variável (vaidade) não poderia ter sido omitida, sabendo que um homem bem sucedido materialmente poderia se sentir e ser visto como um membro privilegiado de sua classe. Em uma sociedade onde a salvação era fator de suma importância para o bem-estar do homem, um calvinista sem muitas posses poderia se sentir constrangido, isso o faria trabalhar mais ainda para a constituição de um Capital que melhorasse sua auto-estima, fazendo-o aparentemente um eleito por Deus. Ou seja, a vaidade o motivaria. O fato de não deixar herança para os filhos não exclui a possibilidade da vaidade calvinista. Já que o sucesso material fornece a resposta para a salvação, é evidente que alguém não poderia verificar se estava salvo através de uma fortuna que não foi obtida através do seu trabalho. Portanto, esses milionários poderiam estar preocupados com a imagem que construiria para seus filhos, o que novamente pode se relacionar, do ponto de vista psicológico, com a vaidade humana.
Veja mais em: Teoria e Crítica
Artigos Relacionados
- A ética Protestante E O Espírito Do Capitalismo (prefácio), Max Weber
- A ética Protestante E O Espírito Do Capitalismo
- Deus Liberta E Prospera Ii
- A Ética Protestante (parte Dois)
- A Ética Protestante E O Espírito Do Capitalismo
- Harmonia Entre Elites
- Tudo Vaidade
|
|
|
| |