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Página Principal : Teoria e Crítica
Sobre literatura e arte
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Marx tomou como ponto de partida a filosofia hegeliana, entretanto, distanciou-se da noção de espírito universal, do idealismo de Hegel. Marx dizia que os filósofos sempre tentaram interpretar o mundo ao invés de mudá-lo. Essa postura marcou uma nova fase no modo de pensar da humanidade, pois deixava para trás as especulações abstratas que houvera até Hegel para seguir duas linhas de pensamento mais concretas: o existencialismo de Kierkgaard e o materialismo de Marx. O marxismo possui um objetivo prático e político, que leva em conta as condições materiais de vida numa sociedade como determinantes do pensamento e da consciência das pessoas que nela vivem. Marx concordava com a idéia de Hegel de que a evolução histórica acontecia a partir da tensão entre opostos, da qual surgia uma síntese, ou equilíbrio. Entretanto, enquanto Hegel acreditava que o ?espírito universal? era a força propulsora da história, Marx dizia que, ao contrário, as condições materiais eram determinantes das espirituais. Para ele, as forças econômicas são as principais responsáveis pelas mudanças em todos os setores da sociedade e nos rumos da história. Segundo sua teoria, a sociedade possui uma infra-estrutura, que são as relações materiais e econômicas, e uma superestrutura, que representa o modo de pensar da sociedade, suas instituições políticas, suas leis e também sua religião, moral, arte, filosofia e ciência. Como são as condições materiais que sustentam todos os pensamentos e idéias de uma sociedade, podemos dizer que a superestrutura é o reflexo de sua infra-estrutura. Para Marx, o modo de produção numa sociedade determina as suas relações políticas e ideológicas, o que nos leva a concluir que não há um direito natural válido para todas as épocas. O ?moralmente correto? é determinado pela infra-estrutura, ou seja, a classe dominante determina o que é certo ou errado. Embora Marx admitisse a possibilidade de as relações na superestrutura exercerem alguma influência sobre a base, ele acreditava que aquilo que fazia com que a história avançasse eram as mudanças na infra-estrutura da sociedade. Marx apresenta-nos a idéia de um homem que pode ser senhor de si mesmo, dizendo que a consciência humana é uma espécie de divindade suprema, divindade que não suporta rivais. Cita uma passagem da tragédia Prometeu Acorrentado, de Ésquilo, definindo o heróis trágico com sendo o ?primeiro mártir do calendário filosófico?. Assim como Prometeu lutou para libertar o homem da servidão aos deuses, Marx tentava, com suas idéias, libertar a classe operária da servidão aos capitalistas, através de uma nova consciência de si e da sociedade. Possuía uma visão prática, voltada para o concreto, acreditando que o espírito que constrói os sistemas filosóficos nos cérebros dos filósofos é o mesmo que constrói as estradas de ferro com as mãos dos operários. Para ele, cada época é subjugada pelas idéias de sua classe dominante. Marx não aceita o conceito de verdade universal, pois para ele, essa é apenas a manifestação dos ideais dominantes, ou seja, quando determinada ?verdade? deixa de ser de interesse da classe dominante, deixa de ser ?verdade?. No que se refere á relação do homem com o mundo em que vive, o autor diz que todo o conhecimento que possuímos do que nos é externo passa pelos sentidos, ou seja, nos apropriamos do mundo através do que vemos, ouvimos, cheiramos, etc. O homem afirma-se no mundo conhecendo-o e, assim, aprende a conhecer a si próprio. De acordo com essa visão, a arte surge da educação dos sentidos. Essa é uma diferença bastante relevante entre Marx e Hegel, pois este último acreditava que a arte nasce do ?espírito universal?. Marx acreditava não ser possível estudar a arte sem levar em consideração o contexto de trabalho do homem, e chamava a atenção para o fato de o capitalismo transformar a arte em mercadoria. Para solucionar esse problema, o escritor deve manter-se consciente do mundo em que vive, com suas questões de ordem política, econômica, social, etc., para que suas obras possam proporcionar às classes oprimidas uma oportunidade de transformação do ser, de uma conscientização de si mesmo como sujeito histórico. Assim, o escritor deve ser aquele que, embora necessite de dinheiro para sobreviver, não deve corromper a sua arte. O texto literário deve apresentar um caráter transformador sem abrir mão do valor estético, que, para Marx, é o mais importante.
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