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Página Principal : Teoria e Crítica
Estética
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Na Estética, Hegel afirma que o ideal manifesta-se de três formas diferentes. Na primeira, as representações têm como centro o divino. Entretanto, o divino concebido como unidade só existe no âmbito do pensamento. No segundo caso, o divino é representado subtraindo-se à abstração e tornando-se acessível à intuição e à representação figurada. A substância divina pode decompor-se em vários deuses independentes com plenitude própria; ou o divino poderá estar presente em tudo o que for sentido, pensado, sofrido ou realizado pelo homem; ou, ainda, a alma humana poderá apresentar-se como matéria da arte. Embora em sua condição de espírito puro, o divino seja objeto do conhecimento abstrato, o espírito encarnado na realidade ativa pertence à arte. No terceiro caso, para que o ideal conserve a pureza, é necessário que as manifestações mostrem-se em plena serenidade e tranqüilidade. Devem estar livres de qualquer influência da subjetividade. As coisas positivas e nobres, tudo o que é perfeito no homem é manifestação da verdadeira ?substância espiritual, moral e divina cujo poder se afirma no sujeito?. Já que o ideal pode ser manifesto no mundo exterior, devemos levar em consideração o princípio do desenvolvimento, intimamente ligado às diferenças e luta dos contrários, a determinação progressiva, ou ação. A serenidade e felicidade da situação acima citada também é suscetível de movimento ativo e de desenvolvimento progressivo, sendo que esse desenvolvimento deve sujeitar-se à unilateralidade e ao equívoco, pois o uno, quando apresentado em suas particularidades, mostra-se de forma fragmentada e conflituosa. Assim sendo, já não pode mais fugir da ação da subjetividade e seu caráter finito. Para Hegel, esses conflitos contribuem para o fortalecimento do espírito. Se o ideal entra em contato com os conflitos da individualidade, torna-se necessário pensar-se sobre a idealidade das determinações a que se liga o ideal. Hegel diz que, para isso, precisamos considerar três pontos: 1) o estado geral do mundo; 2) a particularidade da situação; 3) a ação propriamente dita. O ideal necessita do mundo para concretizar-se, entretanto, precisa manter a sua essência. O mundo deve ser considerado sob o ponto de vista da vontade, já que é através dela que o espírito se expressa e se manifesta. O estado geral do mundo representa a realidade do espírito. O ideal é unidade em si, e apóia-se sobre si mesmo, o que fica evidente na demonstração de sua serenidade e suficiência. Mas, se levarmos em consideração a independência do ideal, conclui-se que o mundo surge para lhe dar forma. Entretanto, devemos atentar para a duplicidade de sentidos da palavra ?independência?. Em um sentido, independente é aquilo que existe por si mesmo sendo sua própria causa. O absoluto é independente, porém, quando em confronto com o particular da existência concreta, sua independência desaparece. Mas, em outro sentido, é considerado independente a individualidade que se basta, tanto na forma quanto na firmeza de caráter. Entretanto, nesse segundo caso acontece algo parecido com o primeiro. Por faltar ao particular a substancialidade do absoluto, opõe-se a ele, perdendo sua independência. O estado geral do mundo para ser independente, deverá apresentar sua generalidade substancial de forma subjetiva, e o pensamento é o exemplo citado por Hegel para um modo de manifestação dessa identidade, já que ele apresenta união do geral e do subjetivo. A arte também pode ser um bom exemplo, entretanto, esta difere do pensamento por buscar a beleza. O universal afirma-se no indivíduo, não como algo que o subordina, mas como algo que faz parte de seu caráter, que o compõe e, assim sendo, estará sempre sujeito às particularidades desse indivíduo, suas decisões, abstrações, etc., ou seja, estará sempre sujeito ao acidental. Hegel afirma que quando não ocorre essa atuação da vontade do indivíduo, a sociedade precisa de leis rígidas, mas quando, ao contrário, o indivíduo é capaz de seguir um senso interno de justiça e moral poderá ser mais autônomo. Essa diferença, segundo o autor, fica evidente ao compararmos a idade heróica com a atualidade. Na primeira, o indivíduo possui um caráter mais próximo do ideal por permitir a afirmação do espírito. Na segunda, mostra uma independência voltada somente para si. A idade heróica seria mais apropriada para a manifestação artística, já que permite uma manifestação plena do ideal, sem influências das particularidades. O universal não se pode manifestar de forma total na exterioridade, somente em formas particulares. Portanto, a arte só poderá representar, partindo do indeterminado, a descrição de ações determinadas. O estado ideal representado pela arte mostra-se particularizado, mas sob o domínio de forças universais. O ideal é algo estático, que para expressar-se no indivíduo apresenta-se multifacetado, em diversas formas que se opõem umas às outras, resultando em movimento. Então Hegel apresenta-nos o conceito de situação, que pode mostrar-se de três formas: ausência de situação, quando esta ainda não está determinada, pois se encontra em estado de generalidade; situação determinada anódica, que é o trânsito da generalidade para a particularidade e, finalmente, a colisão, que é a possibilidade de conflito entre os dois momentos anteriores.
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