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Página Principal : Teoria e Crítica
Entrevista ? Espetáculo ou compreensão?
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Fichamento Edgar Morin enumera quatro tipos na classificação da entrevista na comunicação coletiva: Entrevista-rito: obter uma palavra que não tem outra importância senão a de ser pronunciada. Palavras são rituais que completam a cerimônia. Entrevista anedótica: entrevistador e entrevistado permanecem fora de tudo que possa comprometer. Situa-se no nível dos mexericos. Entrevista-diálogo: entrevistador e entrevistado colaboram no sentido de trazer à tona uma verdade que possa dizer respeito à pessoa do entrevistado ou a um problema. Neoconfissões: o entrevistado efetua um mergulho interior. A confissão pode ser considerada um strip-tease da alma, que pode ser um objeto de manipulação sensacionalista. Observa-se o entusiasmo de Morin pela raridade das duas últimas, e a crítica à superficialidade das duas primeiras. Agrupam-se as entrevistas em duas tendências: Espetacularização do ser humano Compreensão do ser humano (aprofundamento). Há subdivisões: Subgêneros da espetacularização: Perfil do pitoresco: caricatura do perfil humano. Salienta a fofoca, o grotesco, traços sensacionalistas. Perfil do inusitado: procura-se extrair o que caracteriza o entrevistado como exótico. Perfil da condenação: força a entrevista para que o ?bandido? seja implicitamente condenado. Trata o ser humano dentro da redução mocinho/bandido. Perfil da ironia ?intelectualizada?: extrai do entrevistado uma forma de condenação. Suas idéias são ironicamente contestadas. As seleções de frases, as contradições ocasionais, isoladas do contexto, acabam por transformar em monstro o mocinho original. Subgêneros da compreensão: 1. Entrevista conceitual: o entrevistador busca bagagem informativa, põe sua curiosidade e espírito aberto a serviço de determinados conceitos que o entrevistado detém. 2. Entrevista/enquete: o tema é o fundamental da pauta, e procura-se mais de uma fonte para depor em relação ao tema. 3. Entrevista investigativa: aquela que vai investigar onde a informação não está ao acesso do jornalista. 4. Confrontação/polemização: em temas polêmicos onde se pressente a semente da discórdia, os veículos de comunicação coletiva apelam para o debate, a mesa-redonda. 5. Perfil humanizado: é uma entrevista aberta que mergulha no outro para compreender seus conceitos, valores, comportamentos, histórico da vida. A entrevista jornalística é uma técnica de obtenção de informações que recorre ao particular, e se vale da fonte individualizada e lhe dá crédito. Muitas vezes se atribui esse crédito apenas a fontes oficiais (do Poder). Fronteiras entre a entrevista jornalística e às técnicas das Ciências Sociais: Nas Ciências Sociais, quando é feita uma enquete, a técnica de amostragem é rigorosa. No jornalismo, o aleatório é o específico. O entrevistador se orienta pela arte de construir a entrevista dentro de leis que configuram o jornalismo: atualidade, universalidade, periodicidade e difusão. As Ciências Sociais tentam recapturar o tempo e o espaço do homem, enquanto jornalismo lida com as contingências da presentificação. O entrevistador de Ciências Sociais é preparado, aprende técnicas; o jornalista age no improviso, ?aprende? no clima da redação. Entretanto, esta fronteira só se estabelece por deficiências do aprendizado. Se o entrevistador de Ciências Sociais é preparado, o repórter também deveria ser, pois ambos têm de investir no aprendizado
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