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A Companhia dos Lobos
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Em 1984, Neil Jordan realizou uma obra singular, na qual a civilização enfrenta os mistérios contidos na natureza, a aparência joga com o real,e pincipalmente o espaço feminino em um local rústico é dimensionado nas relações entre as mulheres e os mitos (seus perigos e seduções) que se escondem/encontram-se na floresta. Numa variação dos contos de fadas, especilamente da "Chapeuzinho Vermeho", acompanhamos o sonho da adolescenta Rosaleen (Sarah Patterson) que se transporta para um vilarejo cercados por lobos. A jovem bela e impressionável tem a irmã morta no ínicio da história pelos lobos. A avó, que conhece todos os artifícios para se livrar dos lobisomens (que muitos na vila não crêem em sua existência), aconselha Rosaleen a nunca sair da trilha na floresta e nem em confiar em homens cujas sobrancelhas são juntas. Porém, a menina envolve-se em situações assustadoras e altamente irresistíveis.
Há inúmeros elemntos no filme que representam a presença dos instintos em confusão com a civilização.Os animais que surgem na florestas, dos mais dóceis - como o coelho - até os peçonhentos, são o elo com a natureza; o espelho, o batom, sentimentos como a vaidade ou a religião, com a simbologia da cruz, são itens do processo civilizatório. O duelo constante entre a atração e a desconfiança, entre a curiosidade e o conhecimento, e da inocência com o ardil vão preenchendo esse conto de fadas lúgubre.
"A Companhia dos Lobos" surpreende pela beleza das imagens, pela metáfora da condição da mulher num mundo masculino (seja lobaz ou lobacho, mas todos destilando artimanhas), pela aparência de encanto que guarda um pesadelo. Citando o epílogo, "A língua mais doce tem os dentes mais afiados". Uma obra fascinante que marca por esboçar o que há de belo e de aterrorizante na fantasia.
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