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Iniciando Teatro com Crianças


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Pode-se pensar
que é muito difícil e complicado de trabalhar o teatro com crianças.
O livro ?Improvisação para o Teatro?, de Viola Spolin, explica
um método que garante (se bem empregado) o sucesso de um grupo com
crianças.
De acordo com Spolin,
se o professor-diretor permitir a liberdade pessoal da criança para
experienciar e mostrar que ela tem uma responsabilidade para com a comunicação
teatral, esta contribuirá honesta e verdadeiramente ao teatro, desenvolvendo
seu humanismo e relacionando-se livremente com quem a cerca.
Nas oficinas a
criança merece receber liberdade, respeito e responsabilidade, igualmente
como se dá aos adultos. A diferença está na maneira de apresentar
as perguntas e introdução de exercícios, admitindo que há níveis
diferentes de experiências vivenciais.
Ao trabalhar o
teatro com crianças, o professor-diretor precisa mudar seu conceito
sobre autoridade. Para isso, é preciso estar livre, fazer parte do
mundo à volta, ter um contato direto com o ambiente. Muitos de nós
temos uma necessidade de um comentário ou de uma interpretação favorável
de alguma autoridade, assim aprovação/desaprovação se torna como
um regulador de esforços e acabamos fazendo tudo pensando se seremos
amados, com medo de sermos rejeitados, dessa maneira temos uma séria
perda de experiência pessoal. Por isso, desejando unidade de trabalho,
a linguagem e as atitudes do autoritarismo devem ser constantemente
combatidas. Ao avaliar, o professor-diretor deve cuidar para não impor
suas idéias ou palavras aos alunos, para não limitar a criatividade
e a experiência destes. É preciso criar um ambiente de igualdade entre
alunos e professor. Apesar de parecer mais difícil, este método pode
ser mais recompensador para o professor, pois quando os alunos realmente
aprendem através da atuação, o desempenho torna-se muito melhor,
mantendo sempre em mente o fato de que as necessidades do teatro
são o verdadeiro mestre (grifo do livro de Spolin).
Formado o grupo,
o professor-diretor (com ajuda do assistente) deve atentar para que
cada aluno participe de alguma forma das atividades, por que tanto o
mais bagunceiro como o mais tímido são nocivos por ficarem enjaulados
em seus mundos. O procedimento durante os jogos deve provocar a espontaneidade
do ator infantil, cuidando para não escolher jogos sem fundamentos.
Se há nos jogos problemas interessantes a serem resolvidos, mesmo que
as crianças possuam diferentes níveis de energia, todos permanecerão
por um longo tempo na atividade proposta, cabe ao professor discernir
a hora de mudá-la. Parta facilitar, é recomendável dividir cada sessão
em três partes: jogos (como brincadeiras), movimento criativo (ajudando-os
a desenvolver idéias) e teatro (com o ensaio da peça e alguns termos
técnicos).
A atuação natural
vem quando o ator tem energia, comunica-se com a platéia, é capaz
de desenvolver um personagem, relaciona-se com os demais atores e tem
sentido do ritmo e do tempo. Isso tudo deve vir não com imposição
de ?técnicas?, porém com uma apresentação dos problemas de atuação
de maneira que esse comportamento no palco aconteça por si mesmo, do
interior da criança, lembrando que ensinos padronizados, fórmulas
e conceitos são próprios de imposição e não de liberdade. O ensino
autoritário paralisa as crianças e seca a essência da inspiração
e criação. A criatividade é mais que variação de formas, é uma
atitude, é uma maneira de pensar, é curiosidade, alegria e comunhão.
Mesmo conhecendo
todas as vantagens que este método de iniciação ao teatro com crianças
oferece, ainda há receio de deixarmos os padrões convencionais de
pensamento e ação e acabamos, quando damos esta liberdade, arranjando
algum jeito de impor nossa autoridade com medo de alguma falta de disciplina
por parte dos alunos. A verdade é que a liberdade criativa depende
da disciplina, mas se a disciplina for imposta, ela vai inibir e provocar
rebeldia nas crianças, será algo negativo para o ensino, portanto
quando não lutamos por uma posição e sim damos uma escolha livre
por amor à atividade, ocorre a verdadeira ação criativa. Com imaginação
e dedicação as regras das dinâmicas serão bem compreendidas e aceitas
com facilidade. Será como quando elas brincam, aceitando regras, penalidades
e restrições. Dessa maneira, grande parte de seu potencial será usado,
desenvolvendo seu senso social e talento individual.
Muitas crianças
ficam apreensivas e durante os jogos imitam seus colegas. Quando isto
ocorre, o ideal é mostrar-lhes que realmente há jogos de imitação
(podendo até parar o jogo e fazer um ?jogo do espelho?, por exemplo)
e que este que está sendo jogado no momento é diferente, então se
querem participar, elas entrarão na brincadeira sem sermões ou acusações.
Procure não ficar chamando a atenção delas por causa do barulho durante
os jogos, faz parte do entusiasmo delas.
Cuidado para não
proteger ou destacar alguma criança, cada uma tem o seu tempo, não
exija de mais, e nem permita que haja pouco empenho por parte delas.
Ao comparar o teatro
com quando a mamãe lê historinha para as crianças dormirem, pode-se
introduzir a idéia de mostrar e não contar, os resultados não serão
imediatos, leva tempo, mas vale a pena.
Um bom exercício
de improvisação é dar-lhes uma sala de aula como ?Era Uma Vez?
(Onde), o professor e os alunos como personagens (Quem) e fazendo uma
tarefa como O quê. O assistente neste momento poderá (fazendo o papel
de ?diretor da escola?) ajudar a acalmar o aluno mais expertinho
e fazer participar o aluno mais tímido (mesmo que seja apenas com um
gesto da cabeça), fazendo com que todos participem da cena.


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