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Fight Club


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Fight club é um filme febril urbano que transmite uma mensagem política marcadamente de esquerda. O combate ao capitalismo é potenciado pelo individualismo latente nas personagens representadas por Edward Norton e Brad Pitt. Os actores são excelentes no domínio da génese das personagens que assumem no filme.
Norton é um executivo que trabalha para uma companhia de seguros que lhe oferece uma situação profissional estável do ponto de vista material. Todavia tem uma existência vazia, de insónia, chegando a frequentar grupos de alcoólicos anónimos e de doentes com cancro. Nesses locais, cuja terapia de grupo o faz sentir humano e simultaneamente lhe provoca dependência, conhece Marla Singer (Bonham Carter), a figura feminina proeminente no filme. Assumindo o papel de narrador na película, o protagonista vai conduzindo o espectador pela rua rotineira da sua existência até encontrar Tyler Durden (Pitt). Esta personagem extravagante que se dedica supostamente ao comércio de sabonetes, apresenta-se como alguém cujo tédio cosmopolita e ânsia de libertação da família gigante o faz menosprezar a vida comum e de fotocópia imposta pela organização social controlada por entidades capitalistas, por isso vive numa casa abandonada e de condições sub-humanas. Quando o seu confortável apartamento explode, o narrador vai viver com Durden, adoptando os seus hábitos quase selvagens. De resto, a selva urbana e a opressão social fazem florescer dentro das personagens um novo estilo de vida onde a violência se assume como escape de tensões, por isso iniciam uma série de lutas de rua corpo-a-corpo. A violência é a partir daí uma constante e cria um mito: o clube de combate alastra e torna-se popular nos círculos suburbanos da América, gerando uma espécie de cultura simultaneamente hardcore e underground. É nesse contexto de violência e quase colapso da sociedade que Fincher muda a variável de caos social para a auto-destruição individual, desvendando o enigma já perceptível: Durden não é mais do que o alter-ego do narrador, tratando-se pois de uma personagem ficcional dentro do próprio filme, fruto da confusão, alienação e insatisfação extrema da personagem incarnada por Norton.
Enquanto organização clandestina, o clube de combate foi evoluindo sub-repticiamente para uma espécie de facção política anarco-primitivista, o Projecto caos (Project Mayhem), cujo ideal é o anti-materialismo e cujo objectivo destruir a própria estrutura económica da sociedade de consumo, através da explosão de bancos, cafetarias e prédios financeiros. O filme é um hino ao individualismo e um móvel de reminiscência de ideais políticos anarquistas de regresso à pré-história e às comunidades recolectoras. Esteticamente, permanece no registo de filme negro, onde a sátira violenta e quase visceral redefine de certa forma a natureza humana. A este propósito, Fincher é genial na forma como evidencia toda a polpa sangrenta que a compõe para depois a servir ao espectador.
O filme é um dos melhores de sempre na forma tremendamente crua e original como se constitui espelho da sociedade moderna e consequentemente no rejeitar da arte pela arte.


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