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Antígona


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Interessante analisar Antígona dentro da trilogia que o autor criou: Édipo, Édipo em Colona e Antígona. Uma trilogia trágica sobre a qual debruçaram-se muitos estudiosos ao longo da história e em cujos textos Freud buscou explicações para a atração sexual do filho pela mãe (Édipo).
Mas neste caso específico é preciso localizar o momento da trama e como ela se desenvolve. Os irmãos Polínicles e Eteocles disputam entre si o comando do reino que, em princípio haviam concordado em comandar alternadamente. Por trás da disputa entre os irmãos temos a figura do tio, interessado em que os rapazes se destruam e assim ele, Creonte, ficará com o poder inconteste. Este é um dos lementos que está presente no enredo da peça. Ambição e manipulação pelo poder.
Antígona e sua irmã Ismênia vêem a disputa acontecer e nada podem fazer para impedir que seus irmãos se destruam. Mas após a guerra,Eteocles é morto em combate e recebe enterro digno, com honras militares enquanto Polínicles, que também morreu, é condenado por um decreto de Creonte a permanecer insepulto para que os animais comam suas carnes.
Um edito cruel porque pune com uma morte eterna, sem sepultamento, comido pelos abutres. Antígona não aceita esta determinação de seu tio e, em segredo, sepulta seu irmão. Descoberta, ela confessa o que fez e, questionada por Creonte sobre seus atos ela declara que não aceitava o decreto e acreditava ter feito o que era certo.
Antígona é condenada a uma morte cruel, será emparedada, ou seja, presa a uma parede, um espécie de muro onde permanecerá até morrer de inanição.Ela aceita sua pena, pois reconhece haver desafiado as leis do estado embora não aceitasse as mesmas.
Mas o filho de Creonte é noivo de Antígona, ele questiona o pai sobre a punição dada a ela, afirma que o pai comporta-se como um tirano que melhor governaria em terra deserta e, dirige-se até onde está Antígona mas ao chegar lá a encontra sem vida, decide-se então a morrer também e é o que faz e, quando a notícia chega ao palácio a mãe dele, não suportando a dor de perder seu filho, também resolve suicidar-se. Resta Creonte, sem família, sem filho, sem esposa, no poder mas sem nada mais e, mesmo essa autoridade não será mais inconteste.
Em linhas gerais essa é a ordem central da obra Antígona e ao longo dela existe um debate muito presente no Direito contemporâneo, que é o conflito entre o Direito Positivo, as normas determinadas pelo estado e às quais todos os cidadão estão sujeitos, e o Direito Natural, individual e que muitas vezes conflita-se com as determinações do Estado. Sófocles expõe estas contradições entre o Édito de Creonte, lei do estado, e o Direito natural de Antigona, como irmã, de sepultar seu irmão de maneira digna.
A punição eterna quando não é sepultado,os deuses não vão aceitar, o corpo insepulto e comido pelos abutres significa um espírito erante e sem rumo, perdido aos pedaçoes pelo cosmos, esse é o sentido da punição e a isso que Antígona quer enfrentar.


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