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Os Bons Companheiros


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Filme de gângster. As limitações de uma vida modesta desde cedo fizeram o menino Henry Hill sonhar com o mundo aparentemente fácil e glamuroso do crime, e fazer tudo para estar próximo do gângster Paulie Cicero, o chefão mafioso local. Sem o conhecimento dos pais, Henry acaba indo trabalhar para Paulie fazendo pequenos serviços como entregador, e logo estaria participando da venda de mercadoria roubada, inclusive sendo apresentado a Jimmy Conway, criminoso considerado uma lenda e por quem seria contratado. A vidinha medíocre de até então logo iria ser substituída por privilégios, respeito e o reconhecimento da vizinhança, sem contar com o dinheiro que ia acumulando. Aos 21 anos, Henry era o caçula da quadrilha de Jimmy, que tinha também como membro o temperamental Tommy. E é graças a Tommy que Henry irá conhecer a judia Karen, com quem irá se casar, e de quem a princípio esconderá a verdadeira fonte da riqueza que ostenta. Juntos, os três "bons companheiros" participarão de bem sucedidos assaltos a cargas aéreas, lidarão com os excessos de Tommy e acabarão sendo presos. É nesse instante da vida de Henry que ele começará a lidar com tráfico de drogas, o que continuará fazendo ao sair da cadeia, ainda que sob a proibição do chefão Paulie. As circunstâncias e a cobiça acabarão por fazer com que o grupo vá aos poucos se desmontando, e não tardará o dia em que Henry terá em risco não apenas a própria vida, mas também a de sua esposa.

O cinema policial contemporâneo deve muito a este filme. De Quentin Tarantino até o brasileiro Cidade de Deus, o espectador irá fatalmente encontrar, na narrativa violenta cujo realismo muitas vezes parece absurdo (e chega mesmo a fazer rir, um riso nervoso de incredulidade e espanto) um pouco de Os Bons Companheiros ("Goodfellas" , 1990). Investindo mais uma vez no tema que lhe é caro, a inadequação e a sobrevivência num meio hostil (que tanto pode ser a Jerusalém de A Última Tentação de Cristo, quanto a Nova York de quase todos os filmes do diretor), Martin Scosese confirma sua capacidade em variar de gêneros cinematográficos para perseguir sua paixão / obsessão em focalizar esse relacionamento entre o homem e o meio, e assistir a forma como reage a sociedade a esse conflito. "O estilo de vida reflete o tempo", disse Scorsese à época. E é através do tempo (o filme cobre quase 30 anos da história americana) que se vê o quanto de inocência existe em cada época, e o quanto essa mesma inocência, ao ser perdida, expõe a fragilidade das relações.

Narrador como poucos, Scorsese sabe como transmitir sensações sem cair nos excessos. Sem qualquer close e numa rápida cena, mostra o interesse de Henry por uma amiga de sua amante, e suas seqüências de explosão jamais duram mais do que o necessário, evitando quaisquer recursos estilísticos. Ao contrário do que vêm fazendo a maioria dos cineastas, Scorsese entende que uma cena é parte de um todo e, contribuindo para o bom funcionamento de um filme, está a ele subordinada. Hoje vê-se diretores bajulados, e com muito tempo de estrada, como Steven Spielberg ou Brian De Palma, construindo filmes em cima de apenas uma ou duas cenas. O que leva-nos a perguntar por que então não passam a dirigir curtas metragens.

No elenco, embora estejam ótimos os personagens de Ray Liotta (que apareceria melhor ainda em Cop Land, também contracenando com Robert De Niro) e Lorraine Bracco, não há como não destacar a atuação de Joe Pesci. Seu Tommy é engraçado e violento, mas, principalmente, imprevisível. Sempre uma bomba prestes a explodir, Tommy não se furta a, entre uma piadinha e outra, estilhaçar uma garrafa na cabeça de um garçom, ou atirar em outro. A destacar, ainda, a trilha sonora repleta de canções de época (encerrando com o punk Sid Vicious cantando uma versão de My Way), bem como a direção de arte, que acompanha através dos cenários, dofigurino, dos carros, a passagem dos anos. A registrar, como curiosidade, a ponta de Samuel L. Jackson como um dos bandidos.


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