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Perdeu-se na tradução


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Foi com grande surpresa que o filme ?Babel?, do
incensado diretor mexicano Alexandro Iñarritu (de ?Amores Brutos? e ?21
gramas?) levou o prêmio máximo do Globo de Ouro desse ano. Mas porque a
surpresa? Simples. De várias indicações aos prêmios da noite, não
levara nenhum e no momento do anúncio, Scorcese já confiante, abotoava
o smoking pra subir ao palco de novo pelo seu ?Os infiltrados?. De
certa forma foi uma reedição do que aconteceu no Oscar do ano passado
com o filme ?Crash?. Mas aí mora a grande
diferença. ?Crash? é realmente um grande filme, enquanto ?Babel? tem de
grandioso apenas 25 minutos a mais na média de duração de um filme de
cinema. O impacto do vencedor do Oscar do ano passado foi tão grande
que fez com que pensassem o seguinte: No filme de 2005, havia o relato
de todas as raças e etnias, assim como seus conflitos diários na louca
cidade de Los Angeles. E a fórmula deu certo. Que tal se fizermos o
mesmo, mas através de uma visão literalmente global? E por conseqüência
maior? Vai ser um estrondo - pensaram os produtores. Sendo assim, mãos
à obra. O grande problema é que nessa Babel, algo se perdeu na
tradução. Ou seja, no roteiro. De todas as histórias isoladas que se
intercalavam no filme (já está se tornando um método batido de se fazer
roteiros), apenas a da japonesa surda tem verossimilhança e impacto
desejado. As demais histórias lembram antigos episódios de desenhos
animados onde se para resolver as confusões, se criam outras e aí se
instaura a bola de neve. Afinal que casal vai tentar uma reconciliação
numa viagem-excursão para um país em pé de guerra? Que imigrante ilegal
faria a besteira que fez no filme? A dos irmãos briguentos tem lá o se
mérito por mostrar coisas de sua cultura que os noticiários não
apresentam. Atuações à parte, vemos um Brad Pitt sem maquiagem, mas com
os mesmos trejeitos de sempre. Mesmo assim consegue uma atuação tão boa
desde ?12 Macacos? e Cate Blanchett dá o seu banho de costume. A tal
japonesa e a mexicana desesperada ganharam indicações por suas
atuações, mas pelos comentários, os prêmios para atores e atrizes já
têm os seus donos. No mais, uma boa edição
tenta render o filme de forma menos sonífera possível. E Inarritu
repete o bom trabalho que fez em ?21 gramas?. A câmera inquieta (outro
artifício já um tanto batido) mostra nuances como apenas ele parece
fazer e as experiências sensoriais da japonesa são exepcionalmente
demonstradas, como na cena da balada (eita termo desgraçado esse!). É
um bom filme, embora um tanto esquecível. Digamos que o impacto já foi
feito e por isso a impressão de que ?Babel? é só mais um do gênero nos
vém à cabeça logo ao sair da sala.


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