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Babel
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O cineasta mexicano Alejandro González Inãrritu possui a predileção por roteiros intrincados, por histórias que fluem até incorporarem um sentido que unifica as tramas que sustentam o enredo. A sua obra "Babel" depura o seu estilo e torna-se um contundente instigador de reflexão acerca das armadilhas da globalização e da crise das relações humanas. O título da obra, Babel, refere-se mesmo a grandiloqüente construção bíblica da torre, um empreendimento assaz soberbo que impôs aos homens, como castigo divino, falarem diferentes idiomas. Em Babel ouve-se pelo menos cinco linguas distintas. Assim, nasce o problema da incomunicabilidade que não tem propriamente seu ponto nevrálgico na dificuldade de compreensão entre os idiomas, mas na incapacidade de expôr sentimentos, confessar responsabilidades ou declarar amor. É o que acontece com o casal estadunidense, interpretado por Brad Pitt e Cate Blanchett, que viaja pelo Marrocos. Percebemos que é um relacionamento em crise, porém eles não abrem o coração, não expressam sinceridade. Um tragédia os abate. Ela leva um tiro e começa uma saga do marido para salvar a mulher. As outras tramas são igualmente pesadas, sufocantes e enternecedoras. A governanta mexicana que atravessa a fronteira dos Estados Unidos com os filhos do casal americano para assistir ao casamento do seu primogênito; a jovem japonesa que enfrenta problemas com o pai e não sabe como lidar com o súicídio da mãe; e a família marroquina que tem de enfrentrar o drama de fugir da polícia e da acusação de terrorismo, formam um painel que denuncia a injustiça que governos imperalistas ou coniventes perpetram com suas políticas que privilegiam o jogo de interesses, os conluios escusos, a barbárie e a adulação. Babel alude à teoria do "efeito dominó". Uma ação causa uma sucessão de ocorrências que extrapolam a simples localização geográfica; ela é política e afetiva, também. Percebemos que um ato simples em um lugar qualquer tem o poder de aglutinar diferentes pessoas em um mesmo acontecimento. Estamos interligados querendo ou não aos outros. A velocidade de informações, o consumismo e o descaso com o próximo devido a indiferença, a um individualismo crescente são matérias que nos exigem questionamentos. Inãrritu, contando sofrimentos particulares que se chocam com outros, confere a sua obra relevância e impacto, na qual problemas que são humanos, demasiadamente humanos, nos convocam a pensar e a sentir.
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