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Macário
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Álvares de Azevedo escreveu este texto num surto solitário. Macário poderia ser ele mesmo. Criamos personas diversas para sobreviver a nós mesmos. Ao personagem cabe as perguntas. Enredo? Ora por favor, não me façam rir. Mas se querem um posso dizer que o texto trata do jovem estudante, que conhece a filosofia das ruas. Conhece Satã e com ele, inicia uma viagem através de seus sonhos. Um dia Freud poderá explicar isto. É um jovem que sabe de sua morte prematura e que em muitos momentos, é o condutor da trama. Considera a abstração da morte como a melhor compreensão do nada que permeia o pensamento do homem; o amor é para ele uma alegoria, a mulher um fantoche e o satanás seu melhor amigo. Os personagens principais são: Macário é óbvio. Depois Satã, o outro condutor na peregrinação do primeiro pelas torrentes de seus assombrosos pensamentos. O terceiro é Penseroso, este pensa, pensa o tempo todo e fala, fala o tempo todo. É um heroí romântico? Não... É um visionário com desejos metafísicos. Macário se divide em dois episódios. No primeiro nosso protagonista entra numa estalagem na estrada. Mantêm uma longa conversa com um desconhecido, a princípio, acerca da vida, da poesia, da filosofia e do homem enquanto dá ordens a taverneira. É convidado a adormecer e iniciar uma viagem através de seus sonhos por lugares não tipificados. Voltando ao principio, Macário acorda acreditando que nada realmente aconteceu, que nem mesmo conversou com alguém em sua chegada. Mas há indícios concretos de que tudo era verdade e enfim percebe que esteve na companhia do diabo. No segundo episódio num lugar ermo, Macário encontra uma mulher que embala o filho morto, além de encontrar Penseroso. Neste episódio, Macário fala da própria morte; Satã noticia o suicídio de Penseroso e os companheiros seguem nesta viagem transcendente. Macário é um texto dramático, produto do experimentalismo. Um dia os críticos detentores de o verdadeiro saber (pelo menos eles e a mãe deles acreditarão nisso) dirão que Azevedo "trabalhou com o dialogismo, a ironia, a forma híbrida, fragmentada, desconexa, de uma consciência crítica incontestável. Dirão que tem aparência de obra inacabada, comum aos textos irônicos, que o autor coloca o grotesco e o sublime numa convivência harmoniosa". Na verdade nem se trata de um texto para o teatro; "é um filho pálido dessas fantasias que se apoderam do crânio e inspiram a Tempestade a Shakespeare e o IX Canto de D. Juan a Byron". O primeiro episódio de Macário lava a alma do peota e deixa um legado aos que seguirão os ultra-românticos. Este será o nome que darão a um certo grupo...Percy Sheley era um deles e foi cremado, descendo às profundezas em alto estilo. Quanto ao autor dirão: grande obra! Tolices. Muitos outros escreverão ainda grandes coisas como Nelson Rodrigues, Mário de Andrade, Dias Gomes. Não pensem que o inferno é ruim. Vivemos nossos infernos diariamente na Terra... É do inferno das paixões, da ambição, da busca e do medo que surge alguém para apontar o caminho para o céu. .
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