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O Afilhado do Diabo
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Um velho tinha tantos filhos e era tão pobre que já não sabia mais a quem convidar para ser padrinho de seus rebentos. Quando nasceu o mais novo, ficou atrapalhado. Estava pensando no caso, quando viu um homem muito bem vestido, montado num cavalo bonito, que parou e o cumprimentou. O velho perguntou se ele queria ser padrinho do seu filhinho mais novo. o homem aceitou e deu uma bolsa cheia de ouro, indo embora logo. Todos os anos O desconhecido voltava para ver o afilhado e o compadre recebia uma bolsa de ouro. Estava rico e vivia muito tranquilamente quando o padrinho apareceu e disse que vinha buscar o menino para educá-lo. O velho não queria, mas o homem tanto insistiu, tanto insistiu, que ele acabou cedendo e o menino lá se foi, montado na lua-da-sela.
O padrinho morava numas serras altas e sem gente, num casarão enorme, cheio de quartos e salas. O menino tinha do bom e do melhor, muitos livros, e aprendia depressa tudo, ficando muito instruído. O padrinho tratava-o bem, mas era carrancudo e de poucas falas, viajando sempre. Raramente estava em casa.
O menino, examinando a casa, encontrou numa estante um livro grande que ensinava todas as sabedorias e mágicas. Por elas ficou sabendo que seu padrinho era o próprio diabo. Às escondidas do padrinho estudou as sabedorias e mágicas, ficando preparado como um verdadeiro mágico. Quando achou que estava no ponto de lutar contra ele, fugiu da casa. O diabo teve notícia e veio como um raio pegá-lo. O rapaz já estava na casa do pai e lá o diabo não podia agarrá-lo à força.
Dias depois o rapaz disse ao pai que podia arranjar ainda mais dinheiro. Ia transformar-se num cavalo, em que o velho devia montar e ir passear nas ruas. Vendesse por muito bom dinheiro, mas não entregasse o animal com o freio, senão não se desencantava mais. O velho prometeu tudo mas não resistiu aos oferecimentos de tanto dinheiro e vendeu o cavalo, esquecendo-se de tirar o freio.
O diabo, que era o comprador, passou três dias e três noites correndo em cima do afilhado, virado em cavalo, cortando-o a chibata e esporas. Chegou, finalmente, a uma casa e desceu para servir-se do jantar que lhe era insistentemente oferecido. Recomendou que dessem água ao animal, mas sem retirar-lhe o freio. O criado, vendo que o cavalo não queria e não podia beber a água do rio com o freio no focinho, tirou-o. Logo o cavalo voltou a ser gente e o rapaz disse: ai de mim uma piaba! E tomou-se uma piaba, mergulhando no rio e desaparecendo.
O criado correu para o amo e contou o que se passava. O diabo veio a toda e sabendo onde a piaba se sumira, gritou: ai de mim uma traíra! E caiu n' água, virando uma traíra, atrás do afilhado. Este, vendo que o padrinho o alcançava; veio para a tona e disse: ai de mim uma rolinha! E saiu voando. O diabo, por sua vez: ai de mim um gavião E botou-se no rastro da rolinha.
Uma princesa estava na varanda de um palácio, quando a rolinha a avistou e foi logo dizendo: ai de mim um anel no dedo daquela moça! E ficou anel no dedo da moça, a quem disse: - Vai aparecer aqui um homem rico querendo comprar este anel. Diga a seu pai que \venda bem caro e não dê na mão dele. Role o anel no chão!
A moça assim fez. O homem rico chegou e ofereceu uma fortuna pelo anel. O rei aceitou mas a princesa tirou o anel do dedo e jogou-o no chão. O anel disse: ai de mim cinco grãos de milho! Apareceram cinco grãos de milho. O homem gritou: ai de mim um galo! E virou galo, que pulou em cima do milho, bicando com vontade. A moça, que compreendeu tudo, pôs o pé em cima de um grão. Assim que o galo acabou de comer o milho, pensando que tinha acabado, a moça sentiu o grão inchar debaixo da palma do pé e tirou o pé de cima. O grão de milho disse: ai de mim uma raposa! Apareceu uma raposa que, imediatamente, comeu o galo numa bocada.
A raposa desencantou-se no rapaz, que casou com a princesa e nunca mais quis saber das sabedorias e mágicas que aprendera no livro do diabo.
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