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Álvaro DE CAMPOS
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Álvaro de Campos é, dos heterónimos de Fernando Pessoa, o mais moderno. Trata-se biograficamente de um engenheiro naval (por Glasgow), cuja pertinência na obra literária de Pessoa tem a ver, segundo o próprio afirma em carta a Casais Monteiro, com os momentos em que sente ?um súbito impulso para escrever?. É como que uma febre que contagia Pessoa e o faz assumir-se como Álvaro de Campos. Em Páginas íntimas e de Auto-Interpretação, considera-o de resto amoral , pois ama ?as sensações fortes mais do que as fracas, e as sensações fortes são, pelo menos, todas elas egoístas e ocasionalmente as sensações de crueldade e luxúria?. Poeta futurista, bem ao jeito de Whitman ou Marinetti, Campos deseja sentir como ninguém, porque sentir é tudo e o seu desejo é ?sentir tudo de todas as maneiras?. O sensacionismo faz pois parte do seu conceito vivêncial e do seu método artístico. O eu do poeta tenta a todo o custo integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir. Mas este desejo febril encerra um drama maior: a incapacidade de amar pelo amor do ?mundo da humanidade?. Campos é incapaz de unificar em si pensamento e sentimento, mundo exterior e mundo interior. O heterónimo revela - tal como Pessoa - a mesma inadaptação à existência e a mesma demissão da personalidade íntegra. Mas simplifica, recorrendo à violência estética e à fraqueza, esses dramas insolúveis e obscuros que atormentam o seu criador. Em suma, não podemos esquecer quando falamos de Álvaro de Campos no seu carácter vanguardista e cosmopolita, espelhando-se este seu perfil particularmente nos poemas em que exalta, em tom futurista, a civilização moderna e os valores do progresso.
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