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Garcia LORCA - Um Poeta Andaluz
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O que é ser andaluz? - é estar inserido existencialmente no contexto geográfico, histórico, étnico, antropológico, social, emocional, psíquico e cultural de uma região da Espanha. Esse é o poeta Federico Garcia Lorca que se revela no "Poema del Cante Jondo" e "Romancero Gitano", e que não é só andaluz, mas também gitano que traduz toda a sutileza da alma deste povo e com ele se identifica. Pensava-se que esse povo tivesse vindo do Egito (daí e-gitano), e se radicado na Andaluzia; outros dão como origem a Índia. Seja como for, é uma cultura viva, apaixonante, que encantou o poeta também Andaluz, porém, não gitano. Dizia que seu gitanismo se limitava ao tema literário do livro. Garcia Lorca (5/6/1899 a 18/8/1936) era filho de andaluzes: Federico Garcia Rodrigues e Vicenta Lorca - nasceu em Fuente Vaqueras - Granada. De inteligência refinada, herança de fina família, educou-se na literatura e escrita com a mãe, e na música com o pai. Sempre brincalhão, divertia-se em dizer missas, fazer altares e construir teatrinhos. Após alguns fracassos em literatura e história da lingua catelhana, finalmente foi estudar Letras em Granada e direito em Madrid. Aos dezessete anos começou a escrever. Seus primeiros livros foram: Poema del Cante Jondo e Romancero Gitano.Ele escrevia baseado puramente na inspiração, no instinto, pois considerava insuportável a poesia lógica. Seu humor oscilava entre a alegria, a zombaria e uma séria melancolia interior. Em seus temas literários não escondia a paixão por Granda moura, de jardins e fontes, Alhambra e Generelife, da serra Nevada ao longe, da mistura de gentes; da Granada cheia de mistérios. Com teatrólogo escreveu várias peças revelando profundo conhecimento da alma feminina - Seus protagonistas são mulheres : -A Mariposa Mariana Pineda, A Sapateira, Yerma, Dona Rosita, Bernarda Alba...; a exceção é "Daqui a cinco anos". A temática de suas peças é o amor e a morte com um forte acento elegíaco.Ele foi músico, compondo e recolhendo canções. Também foi desenhista e ilustrador de suas próprias obras. Em 1922 (junho) lançou um concurso juntamente com Manuel de Falla para reestimular o "Cante Jondo" que considerava em decadência - faltava "el jaleo". Este era constituido pela interferência do público de forma intensa, estimulante, à moda oriental. O "jaleador" acompanha o "cataor" e o "palmeo" (bater palmas) criando aquela atmosfera vibrante, forte, típica da região da Andaluzia. Segundo o poeta Antonio Machado, o "jaleo" corresponde ao coro da tragédia grega; outros afirmam que é a maiêutica do canto. Ainda comparado ao fado e ao blue, o "cante jondo" é uma representação do lado trágico do próprio viver. Lorca nesta busca pelo purismo do "jaleo", acusa o canto típico andaluz ter-se transformado no flamenguismo que ele considerava ridículo. A guitarra que se ocidentalizou, tem importância fundamental no "cante jondo", mas alguns desses cantos são pura voz cuja variação de timbre, estilo, alterações a voz é que fazem o seu fascínio, como nas "Saetas" gravadas pela Niña de los Pines que foi para Lorca uma das musas do "cante"; também Martinete - o canto dos ferreiros em seu trabalho, ou "Saeta" cantadas na procissão da Semana Santa. A marca pessoal do poeta maior da Andaluzia é o "Cante jondo". Seu talento floresceu numa obra rica em qualidade e quantidade, truncada por uma morte prematura. "Exerto do Poema Cante Jondo" - A Soleá : - Vestida com mantos negros / pensa que o mundo é pequeno/ e o coração imenso. /Vestida com mantos negros /pensa que o suspiro terno / e o grito desaparecem/ na correnteza do Vento. /Vestida de mantos negros. / Deixou a sacada aberta / e ao amanhecer por ele / se despencou todo o céu./ Ai iaiaiaiai, / Vestida com mantos negros".
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