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Guia de História da Arte
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As colagens de Max Ernst conduzem-nos ao ponto de convergência entre o DADAÍSMO e o SURREALISMO. A marca constitutiva dessas obras é o princípio de causalidade, mas Ernst tende mais a associar imagens incongruentes do que objectos, e a canalizar intencionalmente o inconsciente, respeitando sempre a poética da alienação que é a base de ambos os movimentos. Os surrealistas, guiados pelo escritor André Breton, buscam uma sistematização da transgressão, apoiada em bases teóricas repetidamente explicitadas em manifestos e declarações programáticas, publicados nas numerosas revistas que acompanharam, desde o início, a actividade do movimento. Do ponto de vista criativo, o surrealismo assenta em dois pensamentos: o psicanalítico e o marxista. No plano teórico, a adesão ao marxismo continua a ser válida, sendo dramaticamente desmentida pela ortodoxia cultural comunista. As influências das pesquisas psicanalíticas, em especial as freudianas, foram determinantes para o desenvolvimento da teoria e da obra surrealista. A revelação das forças ocultas do inconsciente, de resgate e libertação de tabus e imposições vigentes no domínio da sexualidade, que a psicanálise confortou e incentivou André Breton e os seus companheiros no seu projecto de recriação de todos os aspectos da existência humana; projecto esse que, no campo artístico, se traduziu na execução de obras cuja componente temática é, evidentemente a erótica, e cujo resultado técnico mais relevante foi o de elevar à categoria de método o conceito operativo de automatismo psíquico. É assim que se concebe a actividade do artista, realizada de acordo com a correspondência imediata entre inconsciente e acção, sem qualquer controlo da consciência sobre os resultados obtidos, numa espécie de ?cegueira? executiva. Pablo Picasso e Paul Klee, embora nunca tenham aderido ao movimento, extraíram ideias muito relevantes do convívio com obras e personalidades do meio surrealista. Os quadros pintados nos anos 30 por estes dois artistas, revelam a importância e a amplitude da divulgação das estéticas ligadas à exploração do inconsciente como núcleo central da intuição poética. Participam na constituição global da linguagem surrealista vários modelos ou pontos de referência, a par da metafísica de DE CHIRICO no campo figurativo. CONSTANTIN BRANCUSI é um exemplo: escultor de origem romena residente em Paris desde os primeiros anos do século, amigo de Duchamp e de Satie, não participa em nenhum dos movimentos que se formam na capital francesa na primeira metade do séc. xx, mas a sua estética influência a obra de alguns protagonistas do movimento surrealista. A arte de Brancusi é uma espécie de regresso às origens, a um estado de consciência ainda não contaminado. Brancusi priva a sua arte de qualquer conotação ideológica. Dos inúmeros temas que compõem a temática surrealista, a releitura do primitivismo desempenha um papel importante. De GIACOMETTI a MAN RAY, de BRAUNER a MAX ERNST, quase todos se confrontam com essa temática, com abordagens e resultados diferentes. Todos eles desejam captar o carácter mágico, de mistério primitivo, alheio à racionalização da cultura ocidental, dos materiais provenientes da África e da Oceânia. Os surrealista são atraídos pela evocação do ?feitiço?, a reemersão de um universo mágico, o enigma das aparências e dos significados, o ataque ao senso comum. JUAN MIRÓ merece uma referência especial: servindo-se de uma técnica baseada no automatismo psíquico, criou uma série de imagens saídas das profundezas do inconsciente, gerando um universo mágico e lírico. A par de Miró, os expoentes de primeiro plano da arte surrealista são ANDRÉ MASSON e ALBERTO GIACOMETTI, que traduzem em imagens a parte obscura da consciência e manipulam notavelmente as formas e os materiais. A pintura surrealista consiste frequentemente na criação de imagens de sonhos, de associações figurativas surpreendentes que rapidamente se convertem em banal academismo de transgressão. A técnica dos mais famosos pintores surrealista, de SALVADOR DALÍ a YVES TANGUY, rejeita todas as inovações e revoluções que se verificaram nos primeiros decénios do séc. xx, bem como as premissas do automatismo, optando pelo regresso a uma pintura tradicional, pela restauração de valores pictóricos passados e já desligados do contexto artístico. A importância do surrealismo na história de arte deste século é justificada e documentada pelos fotogramas dos primeiros filmes de LUIS BUÑUEL e de RENÉ CLAIR, as fotografias tiradas por MAN RAY e por BRASSAI, as inquietantes esculturas-objecto de ALBERTO GIACOMETTI, as pinturas de JUAN MIRÓ e de ANDRÉ MASSON, obras que passaram a fazer parte do imaginário colectivo do homem contemporâneo.
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