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A ARTE DO MOSAICO - PARTE II
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A ARTE DO MOSAICO ? PARTE II
Desde o século II a. C., como nos atestam as fontes literárias e as numerosas obras encontradas, o mosaico helenístico tornou-se o constante ornamento das ricas mansões romanas, e foi aplicado tanto nos pavimentos como nas paredes. Duas eram as técnicas essencialmente em uso: a opus sectile, na qual eram empregados cubos do mesmo tamanho, e o opus vermiculatum, que era executado como cubos de tamanhos diferentes, segundo uma disposição menos regular. A primeira técnica era, sobretudo, usada para a execução dos motivos ornamentais mais simples e mais rigidamente geométricos, que se preferiram, habitualmente, para a decoração dos pavimentos; entre estes tipos de decoração, o mais antigo era, talvez, o opus alexandrinum, no qual, geralmente, apareciam somente cubos marmóreos brancos ou negros. O opus verniculatam era, ao invés, empregado no mosaico oriental, em que a exigência dos assuntos representados necessitava de uma técnica mais minuciosa, mais adequada para tornar reais as figuras. Com o requinte dos costumes romanos e o progresso dessa técnica, o mosaico tornou-se sempre mais precioso e rico de colorido; os cubos não eram mais somente de mármore, mas, também, de pastas vidrosas e de pedras duras, tais como o alabastro, o ônix, a ágata, que, com suas cores vibrantes ? o azul intenso, o amarelo vivo, o verde esmeralda, o vermelho sanguíneo ? conferiam aos salões, assim decorados, um aspecto luxuoso: o mosaico mais adequado a essas características é, naturalmente, o executado na era imperial. Esta arte, agora já tão rica e faustosa, que, no esplendor e na preciosidade de sua matéria, bem revelava uma constate influência do gosto oriental, tal herdada pela Igreja. Com a decadência do Império Romano do Ocidente e a afirmação do Cristianismo, não se verificou, como se poderia supor, dada a origem pagã, sua decadência. Em Roma, ainda resta uma rica documentação de mosaicos da idade paleocristã, na abóbada do Mausoléu de Santa Constância (séc. IV), na abside da Igreja de Santa Pudenciana (fins do século IV), nas naves e no arco triunfal da Basílica de Santa Maria Maggiore (século IV e V) e na abside da Igreja do SS. Cosme e Damião(séc. IV). É ainda perceptível, nos mais antigos deles, a lembrança do mosaico do tipo helenístico-romano, todavia, ele se torna sempre menos evidente, nos mosaicos mais recentes; a Igreja, na verdade, dobra às suas exigências nessa arte, impõe-lhe novas figurações, dela pretende uma tarefa que ultrapassa aquela puramente decorativa; reevocados por mosaicos resplentes de colorido, aparecem, agora, os símbolos do Cristianismo. Os artistas ocidentais não encontraram, por si sós, esta nova maneira de expressão: se, antes, hauriram inspiração dos mosaicos helenísticos-romanos, em seguida, sofreram, sempre mais, a influência dos mosaicos orientais. E foi ainda a Ásia Menor, com o centro de Antioquia e, a seguir, a de Bizâncio, a capital do Império Romano do Oriente, quem renovou o gosto do mosaico ocidental, quem forneceu artífices magistrais nesta arte, que deram novas sugestões no campo da técnica e do estilo. Esta influência, ainda pouco perceptível nos mosaicos executados, no século VI, em Ravena, nas igrejas de São Vidal, de Santo Apolinário Novo e na de Santo Apolinário em Classe. O preciosismo dos mosaicos de Ravena e a concepção oriental de interpretação as figuras símbolos, e não como representações da realidade, conservaram-se por longo tempo, influenciando a arte do mosaico que, porém, cerca do século XI, degenerou numa espécie de academicismo, na cópia mais ou menos ao pé da letra, mas sempre pior, de mosaicos belíssimos, executados nos séculos precedentes. Entrementes, no meio de tantas representações simbólicas daqueles séculos, uma turma de artistas ia renovando o mosaico, dando-lhe um novo cunho, realista e dramático, que sob certos aspectos, se entrelaçava com a tradição da arte helenística- romana. Nos mosaicos que recobrem inteiramente as abóbadas da Basílica de São Marcos, executados do século do século XI ou XIII, ou naquele que ornamentavam a abóbada do Batistério de Florença, em outros coevos, é possível perceber-se o gradual abandono da abstração bizantina por uma arte mais humana, menos faustosa, certamente, de quanto havia sido até então, porém mais próxima do drama dos homens, de sua realidade: foram os germes espirituais contidos em toda a arte dos séculos XI, XII e XIII, ou seja, na arte romântica, que transformaram o estilo mosaico, mas em certo sentido, aceleraram-lhe a decadência. Pietro Cavallini, Iacopo Torriti, e Filippo Rusuti foram, quiçá, os últimos grandes artistas que se prevaleceram do mosaico parra exprimir sua íntima necessidade de arte, mas, já agora, outras técnicas, como o afresco e pintura sobre madeira, eram preferidas pelos artistas e pela Igreja, para difundir uma mensagem de fé, de beleza e de poesia.
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