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A Cultura colonial no Brasil


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A Cultura Colonial no Brasil
A vida colonial não oferecia muito estímulo à atividade intelectual. Nos primeiros tempos, somente os jesuítas representavam dimensão cultural de alguma importância.
Uma das razões que impediram um grande desenvolvimento intelectual na colônia foi o fato de não termos imprensa. Até 1808, Portugal nunca consentiu no estabelecimento de tipografias coloniais. Era a própria estrutura do colonialismo luso que não permitia o desenvolvimento das letras no Brasil.
A literatura é apenas um aspecto da vida cultural de um país.
No Brasil Colonial, porém, foi um elemento muito expressivo da nossa formação intelectual lusitana, impregnada de herança escolástica, de latim, de gramática e de retórica. Poderíamos dizer até que nossa literatura, nos três primeiros séculos, nas suas linhas gerais, não passou de um capítulo colonial da literatura portuguesa.
A Arquitetura Colonial
A preponderância do sentimento religioso na nossa formação histórica explica a superioridade da arquitetura dos claustros e das igrejas, com seus magníficos interiores, sobre as vivendas e edifícios públicos.
Principalmente em Minas Gerais, desenvolveu-se a arquitetura civil. No Nordeste, as cidades não tiveram os esplêndidos edifícios públicos de Minas Gerais; faltaram-lhes as torres e os portões dos edifícios de Ouro preto e as linhas harmoniosas dos de Mariana. Os holandeses tentaram criar, no Nordeste, uma civilização urbana, com desenvolvida arquitetura civil e ponderável movimento artístico. Cedo, porém, o Brasil holandês sofreria a destruição da guerra e a voragem dos incêndios.
Ao contrário da sociedade agrária escravocrata do Nordeste, a sociedade concentrada de Minas, florescente no século XVIII, com a mineração, tendeu para uma civilização urbana. Daí, ser a arquitetura civil menos brilhante no Nordeste do que na região mineira.
De um modo geral, a casa grande
, nos engenhos e os sobrados
, nas cidades, contrastam na solidez rude de sua construção e no primarismo de suas linhas com a suntuosidade da arquitetura e a exuberância na decoração interna dos templos. Salas amplas e hospitaleiras, paredes nuas, mobiliário em jacarandá ou cedro, davam ao conjunto do sobrado uma severidade e uma robustez que refletem a simplicidade de uma economia agrícola, de base escravocrata.
O Barroco
O movimento barroco, surgido na Europa, repercutiu profundamente no Brasil colonial, através dos jesuítas.
Porém, como o enriquecimento do país foi progressivo, a igreja só podia ornamentar-se á medida que as riquezas aumentavam. Como o exterior já estava feito, o barroco só podia triunfar no interior.
Há diferenças entre o barroco europeu e o barroco brasileiro: o primeiro era a manifestação artística de uma sociedade aristocrática e rica; o segundo de uma sociedade colonial de limitados recursos econômicos.
A Música
Enquanto florescia o canto gregoriano, nas igrejas e capelas, o canto e a música popular sofriam a influência primitiva das senzalas, das tabas indígenas e das aldeias portuguesas. Predominou a influência portuguesa, fonte principal das melodias do nosso folclore, mas já considerável a contribuição africana. A influência indígena ainda sobrevive no Cateretê.
Na música popular colonial dominam a modinha
e o lundu
. A primeira é nitidamente lusitana; a segunda descende do batuque africano. Dos portugueses herdou, também, o Brasil, as canções de ninar (acalantos).
Devemos destacar, nessa época, o nome de José Maurício Nunes Garcia.
Compositor fecundo, aos 44 anos, já havia, o Padre José Maurício, composto, só para a capela real, quase 200 obras, entre as quais, uma magnífica Missa em Si Bemol
e sua obra prima, a Missa de Réquiem
. Suas convicções religiosas, evidentemente, dominavam toda a sua produção musical, onde o estilo harmônico denota, claramente, certa influência de Haydn e Mozart, seus autores prediletos.
A Música Setecentista em Minas Gerais
Infelizmente, perdeu-se quase toda documentação musical correspondente à primeira metade do século XVIII.
Os conjuntos musicais mineiros, que executavam música religiosa, compunham-se, geralmente de 12 a 14 músicos, número bem proporcionado, em relação ao tamanho das igrejas da época. O coro era, sobretudo, masculino, empregando, também, meninos. Os instrumentos de cordas eram, geralmente, violinos, violas e contrabaixos.
Usavam-se, também, flautas, oboés (chamados ?bués?), clarinetes e fagotes; esse último parece ter sido o instrumento mais usado, pois sua venda, nas casas comerciais, era muito freqüente.
Entre os metais destacavam-se a trompa, usando-se, nas grandes festas também, o clarim. Muitas obras de compositores mineiros foram vendidas como papel velho para embrulhar mercadoria ou confecção de fogos de artifício.
Entre os compositores mineiros, destacamos José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, organista em Diamantina e contratado, mais tarde, como regente em Vila Rica. Estão salvas cerca de 40 obras de sua autoria, entre as quais, uma extraordinária Antífona de Nossa Senhora
que, segundo Kurt Lange, o elevava à categoria de gênio.
Outro compositor importante é Francisco Gomes da Rocha, que foi soldado do mesmo regimento onde servia Tiradentes. Sua obra principal é: Novena de Nossa Senhora do Pilar
, onde podemos sentir um compositor dotado de completa maturidade artística.



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