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A TRISTE REALIDADE DO TRÂNSITO BRASILEIRO - I
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?Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos.?
(Anais Nin)
A UNESCO afirma que o trânsito no Brasil é hoje a segunda causa de morte entre jovens de 18 a 25 anos. A invalidez permanente que é decorrente dos acidentes de trânsito enfraquece a força de trabalho do Brasil. Urge que os educadores, políticos e toda a sociedade tomem medidas educacionais que causem uma profunda reflexão e mudança nos comportamentos inadequados no trânsito.
É preciso capacitar docentes para trabalhar o tema trânsito em sala de aula atendendo à força de lei e praticar a responsabilidade social de modo a mudar, através da educação sistemática, os comportamentos inadequados no sistema trânsito que geram 50 mil mortos por ano no Brasil. Força de Lei: Artigo 23, XII da Constituição Federal e nos artigos 20, IX, 21 XI, 22, XII, 24, XV, 76 e 78 da Lei 9.503/97 Código de Trânsito Brasileiro. Esses dispositivos legais tratam da obrigatoriedade de se educar para o trânsito em todos os níveis de ensino e nos PCNs. Qual é o custo social, o custo Brasil, de um acidente de trânsito?
A resposta para esta pergunta pode ser dada através das seguintes fontes: - a Universidade de Brasília afirma que os acidentes de trânsitos geram custo da ordem de 20 bilhões de reais por ano; - o Sistema Único de Saúde gasta 5 bilhões de reais por ano no atendimento às vítimas de trânsito nos hospitais da rede pública.
Para compreender a dimensão e o absurdo que representa esse custo social, com 5 bilhões de reais é possível construir 400 mil casas populares e esse valor é superior à venda da Vale do Rio Doce.
De acordo com a OMS o trânsito é a nona causa mortis mundial e a projeção é sombria: em 2020 o trânsito passará a ser a segunda causa mortis mundial, perdendo apenas para doenças congênitas ou problemas cardíacos.
Segundo o BID o custo social de um atropelamento é de US$ 8.460,00 e o custo de uma vida é de US$ 141.000,00. Se quisermos ter adultos responsáveis e éticos, agindo com segurança no sistema trânsito, temos de investir na educação.
A ação educativa planejada e aplicada de forma sistêmica e não somente pontual, envolvendo a família, comunidade, iniciando-se desde o ensino infantil até o ensino superior, como prevê a lei artigo 76 do Código Nacional de Trânsito, é capaz de mudar o comportamento inadequado em relação ao trânsito.
O papel aceita tudo, todo projeto fica bonito e interessante no papel. Para viabilizar e alcançar a eficiência na educação para o trânsito tem-se de considerar as variáveis sócio-antropológicas do nosso Brasil, que é um país continental, multiétnico e de intenso sincretismo religioso.
Para entender como uma criança percebe e interage no sistema trânsito é fundamental estudar as Psicologias da Percepção, Criança e Adolescente.
Lembrar de que a criança não é um adulto em miniatura, que ela tem reações diferentes do adulto quando interage no sistema trânsito, principalmente nos binômios ver e ser vista, distância e velocidade.
Na Europa e EUA a educação para o trânsito teve início em 1960, portanto, estamos atrasados 37 anos, considerando a data da promulgação do novo código nacional de trânsito brasileiro, em 1997.
Não há um registro preciso com o que ocorre às vítimas de acidentes de trânsito, o número total de mortes pode chegar a 50 ou 60 mil por ano, número esse superior ao total de mortos na ?Guerra do Vietnã? e superior, também, ao número de mortos pela AIDS, como aponta o Ministério do Planejamento e o DENATRAN. Para compreendermos o significado desse número de mortos, é como se um avião de passageiros caísse a cada dois dias, matando todos os seus ocupantes.
O elevado número de óbitos no trânsito brasileiro atraiu a atenção do Banco Mundial (Bird) e do Global Road Safety (GRS) que enviaram equipes de pesquisadores para o Brasil.
A ONU estabeleceu que o limite tolerável para perdas de vidas em acidentes de trânsito é de 3 mortes para cada dez mil veículos por ano.
Nos países onde a educação para o trânsito ocorre desde 1960, a média é de 1 morte anual para cada 10 mil veículos; no Brasil, segundo o DENATRAN, ocorrem 25 mortes para cada 10 mil veículos.
Na Conferência de Roma promovida pela OMS, em 1984, concluiu-se que o comportamento do motorista é o principal fator responsável pelos acidentes de trânsito.
Os acidentes de trânsito são considerados como a mais grave epidemia do século XX. Epidemia que teve a sua origem no intenso desenvolvimento industrial do século XX e que continua fazendo as suas vítimas no século XXI através de uma progressão geométrica. Infelizmente, a ação educativa de caráter humanista ainda não se desenvolveu a ponto de coibir, através da reflexão e ação ética, as mazelas inerentes ao desenvolvimento tecnológico.
A ação educativa que humaniza é capaz de motivar o educando para o exercício da ética e da cidadania porque ao fortalecer a auto-estima é capaz de mudar um comportamento inadequado em relação ao sistema trânsito, no qual todos nós somos participantes desde a mais tenra idade.
Um estudo feito pelas prefeituras de Santo André e São Paulo mostrou que 76% das vítimas de acidentes de trânsito possuem apenas o nível básico de instrução e que a incidência de acidentes de trânsito cai para 6% entre as vítimas de nível superior.
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