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Sociedades Primitivas: economia, fetichismo e religião
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Em primeiro lugar, o autor procura esclarecer que o estudo da formação econômica e social de uma sociedade, num período determinado, significa uma apreensão de realidades históricas concretas; entretanto, significa também um esforço de construção de uma realidade que exclui toda uma diversidade e unidade especificas das relações econômicas e sociais no tempo, tendo como único fim a explicação de determinados fenômenos de tal sociedade, como no caso em particular que este estudo trata, o modo de produção inca. Existe um método para a identificação do fenômeno econômico e social de uma dada sociedade, em um dado período, a saber: -
identificar número e natureza dos diversos modos de produção existentes e interdependentes; -
identificar os diversos elementos da superestrutura social e ideológica que correspondem a esses diversos modos de produção; -
definir a forma e o conteúdo explícitos da combinação/articulação desses diversos modos de produção (geralmente hierarquizados). Daí, passa-se para o enquadramento nesse tipo de análise da estrutura econômica e social incaica: -
o Estado inca submetia numerosas tribos que tinham como base econômica a produção dos ayllus (grupos de parentesco do tipo linhagem que mantinham uma propriedade comunitária da terra e em que o trabalho era também pensado sob um aspecto comunitário; -
seu modo de produção era baseado na cooperação de produtores diretos, ligados entre si por obrigações reciprocas de parentesco ou vizinhança; -
havendo um tipo de desigualdade social: chefes e comuns A dominação incaica sobre os ayllus acarreta uma grande transformação nessas comunidades: -
terras expropriadas; -
perdas de direitos comunitários sobre as terras que possuíam (passam a propriedade então do Inca); -
controle pelo Estado inca da produtividade da terra; -
regime de prestação de trabalho (obrigação coletiva, ou seja, da comunidade); -
novas relações de exploração, etc. O que vale dizer que o Estado inca imprimiu uma nova forma de produção. Para ser consenso entre os dominados, esse novo modo de produção fazia um reaproveitamento das antigas relações (regime de reciprocidade comunitária), assimilando-as e forçando uma identificação por parte dos membros da sociedade. Um exemplo dessa reutilização das formas de representação anteriores pelo Estado inca, pode ser observada no rito do matrimônio. Sua importância psíquica e social é conservada e ampliada, de modo que estende-se até o universo de significação inca, além de especificamente marcar o ingresso do individuo no novo modo de produção, ou seja, no sistema tributário. Essa assimilação, então, constitui os pontos de apoio da dominação inca; permitia que os povos submetidos continuassem a produzir seus meios de subsistência, segundo suas tradições,ao mesmo tempo que eram convencidos a produzir para o Estado. A conquista hispânica encontra o modo de produção tributário em plena evolução, rompe com as instituições políticas, sociais e ideológicas desse sistema, impedindo as comunidades de se reproduzirem. As passagem das antigas relações tribais para as novas relações impostas pelo Estado inca, assim como as constates rupturas das instituições políticas, as guerras na região mesoamericana, não provocaram um embate cultural tão catastrófico quanto a conquista espanhola.
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