CAPÍTULO XVI ? O ouro e a prata na Espanha

Do ouro e prata que chegam à Espanha, ¼ vai para as mãos do rei; os outros ¾ vai para particulares. Essa parte do rei, necessariamente, já esta comprometida com o pagamento de empréstimos internacionais (dívidas do soberano na Europa). A parte dos particulares tem sua importância para a Espanha porque permanece no país, contribuindo para a geração de empregos, o que permite que as riquezas da América alcancem as camadas populares, promovendo um relativo enriquecimento.

Havia a exigência de os pagamentos de dividas serem cumpridos em moeda metálica. Isso provocava uma saída de metais do país. A essa saída o Estado tentava redimir com uma maior entrada. Na falta de recursos para investir em exploração, seja das minas na América (ou qualquer outra empresa americana), seja das possibilidades internas de retorno econômico, o Estado subloca seus monopólios ou direitos sobre tributações através de um sistema de asientos. Em geral, os concessionários são banqueiros, financistas, únicos capazes de correr grandes riscos; esses riscos, porém, é que justificam os grandes lucros que obtêm.

P.Vilar estabelece uma relação entre esse sistema de asientos dentro de Espanha, a subida dos preços, o enriquecimento da base (campesinato) e os tesouros vindos da América. Verifica que na Espanha, a chegada de metal americano contribui para a subida dos preços, e estes por muito tempo são suportados porque houve um enriquecimento, não do daqueles diretamente ligados às transações coloniais como também do campesinato, sobre o qual recaía a carga de impostos. Subentende-se que os tesouros da América penetraram fundo na vida espanhola, principalmente castelhana.

As remessas de prata que chegavam a Sevilha e a movimentação financista não resolvia o problema das dividas espanholas. E com a atividade produtora parada, a Espanha torna-se dependente do exterior, condenando sua economia ao atraso. Era mais vantajoso esperar pelas riquezas da América que produzí-las dentro do país.

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