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A abordagem cultural da matemática


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RESENHA DE ENTREVISTA

1. IDENTIFICAÇÃO DA OBRA

BISHOP, A.J. Alan Bishop: por uma educação matemática fundada em uma abordagem cultural. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v.12, n.71, p.5-21, ago/set. 2006. Entrevista concedida a REIS, D.A.F., FRADE, C.C. & GOMES, M.L.M.

2. APRESENTAÇÃO DO AUTOR

Alan Bishop é um reputado pesquisador inglês, conselheiro de governos e instituições internacionais. Foi Presidente da Associação de Matemática do Reino Unido, pertencendo ao comité da Real Sociedade de Educação Matemática, tendo sido representante do Reino Unido na Comissão Internacional para o Ensino da Matemática, e conselheiro de agências governamentais sobre as políticas de educação na matemática. Também é professor emérito da Faculdade de Educação da Universidade de Monash, Melbourne, Austrália. É membro da Associação de Matemática de Vitória, na Austrália. É conselheiro da UNESCO para assuntos de educação matemática.

3. RESUMO DA ENTREVISTA

Em sua entrevista, Bishop destaca, por exemplo, a importância dos aspectos culturais ? em especial, os valores ? no processo de ensino-aprendizagem em matemática.

Outro ponto é que ele defende uma educação matemática para todos, no sentido de ser um campo de conhecimento aberto. É proposta a noção de matemática, no plural, para enfatizar a idéia.

Devemos considerar, também, a concepção que ele assume da matemática como sendo uma tecnologia simbólica. Ela é composta por três componentes: sociológicos, ideológicos e sentimentais.

Podemos citar, também, que Alan Bishop propõe seis atividades matemáticas em todas as culturas: contar, medir, localizar, desenhar, jogar e explicar.

Bishop destaca um desafio nas aulas de matemática seria dos professores utilizarem a experiência prévia dos alunos e relacionarem com o aprendizado da matemática da escola.

Ele distingue três tipos de valores que permeiam aula de matemática valores em relação à educação geral, valores em relação à matemática e valores em relação à educação matemática. Para Bishop, valores relativos à educação geral são qualidades em que os professores, escola e sociedade almejam para os alunos.

Para o autor, os valores são, raramente, considerados em discussões sobre o ensino de matemática e, muitas vezes, os professores não acreditam que possam estar ensinando valores na aula de matemática. É mais fácil perceber valores em outras matérias.

Para ele, os valores justificam as escolhas feitas pelos professores. As crenças, por sua vez, fundamentam a explicação do motivo para elas.

No que se refere aos valores da matemática, Bishop sugere que estes sejam considerados em três pares de valores complementares: os valores ideológicos - racionalismo e empirismo -, os valores sentimentais - controle e progresso ?, e os valores sociológicos - abertura e mistério. Bishop descreve estes três pares de valores:


  1. O racionalismo enfatiza raciocínio e análise lógica e o empirismo ressalta o objetismo;

  2. O controle abrange, por exemplo, o poder do conhecimento matemático no domínio de regras, fatos, procedimentos e critérios estabelecidos. O progresso enfatiza o desenvolvimento das idéias matemáticas;

  3. A abertura é demonstrada pela democratização do conhecimento através de demonstrações, provas e explicações individuais. O mistério enfatiza uma admiração pelas idéias científicas da matemática.


Um outro aspecto citado por Bishop diz respeito à importância de uma transmissão desses valores de uma forma equilibrada, para favorecer uma aprendizagem significativa da matemática.

Outro ponto é que a entrevista tem por objetivo mostrar a importância de o professor entender que cada sala de aula tem a sua cultura. Além disso, é interessante que educandos e educadores se ajudarem mutuamente para um aprendizado mais eficaz.

Baseando-se na literatura da antropologia, este autor propõe introduzir os conceitos de enculturação e aculturação em educação matemática.

Ao assistirem as aulas de matemática, os alunos demonstram pouco entendimento. A maior dificuldade é a falta de sentido para muitos estudantes. Bishop levanta para os educadores a seguinte proposta de compreender a matemática como uma forma de entendimento cultural, para ajudar os alunos a terem uma melhor percepção dela.

Por último, a entrevista também levantou algumas reflexões sobre a importância da dimensão afetiva na aprendizagem matemática. O autor argumenta que, qualquer interação em sala de aula, deveria está sujeita constantemente as influências da cultura e do afeto.

4. OPINIÃO SOBRE A ENTREVISTA LIDA

De um modo geral, o que ficou bem claro foi uma nova visão da matemática, ou melhor, uma ?redescoberta? da matemática, em muitos casos, a forma como ela deve ser abordada implica, quase sempre, compreender sua história e importância. Acredito que os tópicos foram bastante relevantes e fluíram muito bem. A leitura me mostrou como estou equivocada em relação a certas idéias pré-concebidas sobre a matemática, muitas vezes, devido as minhas próprias experiências negativas. Por isso, recomendo que os educadores leiam a entrevista por ser realmente muito útil.



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