Nestes novos tempos, tornou-se corriqueiro os pais passarem a suprir todas as vontades de seus filhos, repletos de boas intenções. No entanto, vêm cometendo um pecado capital, porque se esqueceram que criança precisa ter infância, ou seja, correr, pular, não ficar postado horas frente à TV ou ao computador. Como conseqüência, estão pagando um alto preço por essa forma de educar que assumiram para seus filhos, como os nefastos conflitos que passaram a acontecer em família e, também, na escola. Constata-se que, de forma geral, as crianças conseguem lidar muito bem com fatores de ordem lógica, o mesmo não ocorrendo com as emoções, pois não sabem como trabalhar com suas falhas e fracassos, porque não estão sendo preparados para lidar com as decepções, mas, somente, para o sucesso. A inteligência das crianças vem sendo obstruída, bem como o prazer de viver, pois as informações que lhes são passadas, em sua grande maioria, são inúteis e, com isso, não estamos formando pensadores, tendo a escola seu quinhão de culpa, porque deixou de ser um lugar agradável de se conviver, tornando-se enfadonha frente aos estímulos que nada têm de inofensivos, como é o caso dos ?games? eletrônicos e outros tantos produtos que são oferecidos pela indústria do lazer. Dessa forma, passam a conhecer muito sobre o mundo em que estão, e muito pouco sobre o que realmente são, o que resulta em tantos transtornos emocionais hoje existentes, como depressões, drogas, estresses, etc. Daí a importância que pais e professores adquiram novas posturas, desestimulando o consumismo, prazeres artificiais, para que crianças e jovem se tornem humanizados, transformando o ato de educar em uma aventura mágica, em que cada ser possa penetrar no mundo do outro, gerando vínculos, demonstrando quanto se amam e fazendo uso do elogio quando são tomadas atitudes acertadas. É preciso que saibam distinguir individualidade de individualismo, pois a individualidade é o alicerce da identidade, sendo benéfica e necessária. O individualismo, por estar vinculado ao egocentrismo, é prejudicial, porque o indivíduo só se sente satisfeito se seus desejos forem realizados. Infelizmente, isso vem se alastrando devido o abandono dos filhos, seja por causa de horários prolongados de trabalho, ausência de diálogo em família e de registro das emoções, já que pouco participam da vida dos mesmos. Com isso, deixam também de incentivar o desenvolvimento da criticidade, para que saibam buscar a liberdade de escolha, de decisão, de terem ousadia, coragem, de se tornarem inconformados frente a determinadas situações, visto que são inseguros e tímidos, não sabendo quais são suas limitações, passando a baixa-estima a lhes aprisionar a personalidade. Daí a importância de se ter uma visão otimista da vida, já que os filhos captam nos pais a força e a segurança demonstradas no enfrentamento de seus problemas, sempre reconhecendo seus limites e suas fragilidades Dessa forma, estarão ensinando seus filhos a enfrentar seus erros, crescer com eles e transcender seus fracassos. Por isso que, pais críticos, que só fazem discursos quando os filhos falham, só desgastam a relação, sendo que o certo seria levá-los a pensar sobre o que falharam, usando da sinceridade como pauta de vida. Os jovens atuais amam o sucesso rápido, querem os holofotes da mídia e devem ser alertados que ter sucesso não significa ter uma vida infalível, de glória, mas, que nela também há frustrações. Como não foram educados para ter paciência, não suportam críticas e gostam de confrontar seus professores. É importante que os pais voltem a valorizar os professores, enfatizando a importância deles na sociedade e, os professores, necessitam ensinar os jovens a refletir sobre si mesmos, seus atos e buscar exercitar junto com eles, a capacidade de perseverança, tão importante quanto a intelectual. A base de um relacionamento verdadeiro entre jovens, pais e professores é o diálogo, que irá permitir o desenvolvimento de uma boa estrutura interpessoal, liberdade e segurança por parte dos jovens, de falarem sobre si mesmos, suas inquietações e dificuldades. Jovens agressivos e rebeldes, na maioria dos casos, estão manifestando seus clamores, solicitando afeto, carinho e atenção dos pais; são solitários porque moram em uma mesma casa, mas, em mundos diferentes. É comum os jovens se identificarem com pessoas inteligentes, que conseguem fazer das histórias que vivenciaram, verdadeiras lições de vida. Pais e professores fascinantes sabem que não devem desistir de educar filhos e alunos, mesmo sabendo que, se antes eram heróis, hoje são vítimas deles. E isto só vem ocorrendo porque não sabem dizer não, cedem às chantagens e pressões dos filhos e alunos e não deixam claro quais são os limites negociáveis e os inegociáveis. Só os pais e professores fascinantes ultrapassam metas, transformam informações em conhecimentos e estes em experiências capazes inclusive de transformar a personalidade. Por passar atualmente a educação por uma crise imensurável, é preciso, antes de tudo, conhecer os jovens de hoje, a qualidade e velocidade de seus pensamentos, posturas que exigem que os professores encontrem respostas até então impensadas, diferentes das que estavam acostumados a oferecer, já que essa velocidade de pensamento é responsável pela diminuição da concentração, aumento da ansiedade e compulsão por novos estímulos. Por isso, é preciso que haja um novo modelo de educação que funcione e dê conta dessa hiperatividade, bem como ao excesso de informação que, na maioria dos casos, conduz à paranóia do consumo e da estética, em detrimento da interiorização.

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