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Humanidade e natureza e a natureza da humanidade.
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A ciência, ápice da credibilidade humana, também surge diante da sua esmagadora ambição em conquistar a natureza, de acossá-la para ?extrair os seus segredos?, de subordiná-la às necessidades humanas. A venerada persistência dos cientistas de ?chegar aonde seus pares não ousaram ir?, nunca foi isenta da intenção de ver a natureza subordinada a sua vontade e razão, de torná-la um objeto passivo e desprovido de propósito, subalterno aos caprichos dos seus senhores, os humanos. O conceito de natureza opõe-se ao conceito de humanidade. A Natureza passa a ser o outro, o estranho, o lado obscuro, o abominável que nos causa temor, o refugo da ?ordem social?, o que é descartável na integridade e explorável na essência, aquilo que não tem objetivo ou significado. Maleável às liberdades dos seus senhores, serve para ilustrar campanhas de marketing para àqueles que lhe aplicam os piores venenos. Em outros termos existimos ?nós? os humanos possuidores do ?Reino Absoluto? e ?ela? a natureza, acessível, dominável, submissa. É a poderosa vontade humana colocada como a ?Mestra do Universo?. A espécie humana em seu afã de glória nega a sua essência, a manjedoura que lhe deu origem, seu nicho ecológico, esfacela o ninho em que foi cuidadosamente criada e protegida, nega seu parentesco com os chipanzés e sua descendência símia. O Homo Sapiens ser orgânico com 70% da sua composição formada por água; evapora a 100 0 C ; congela a 00 C; sem a pressão atmosférica explode; na água a mil metros de profundidade é esmagado pela pressão; na escassez de oxigênio morre vitimado pelos venenos produzidos na sua alimentação; é a camada de ozônio da atmosfera que impede os raios solares de transformá-lo em ?bacon?; se faltar água morre em três dias; sem alimentos em 15. Diante de toda fragilidade humana a idéia do progresso das bactérias ?inferiores? para os seres humanos ?superiores? é apenas um delírio de grandeza. Por isso digo que quando somos chamados de ?amebas? devemos agradecer o elogio. Humanos, mamíferos arrogantes que mesmo na alimentação dependem dos micróbios que povoam o seu interior desde a composição da saliva até a flora e fauna intestinais. São esses seres unicelulares que corroboram na decomposição dos alimentos assimilados pelos intestinos e transportados pelo sangue a cada célula, a cada unidade de vida das quais somos todos formados. Há mais bactérias formando ou habitando o nosso corpo do que pessoas no mundo. Qualquer animal ou planta, quando visto em micro-escala, revela-se um ?zoológico? de micróbios. O representante mais moço da evolução biológica, trouxe as mais drásticas desgraças a sua mãe legítima, Gaia, a Deusa Terra. Arrogante e intempestivo igual a um playboy caçula disseminou seus descendentes para todos os recantos do planeta. Desmatou, queimou, matou e poluiu as águas, o solo e o ar. Substituiu equilibrados ecossistemas pelas caóticas megalópoles. Ele trocou o esverdeado tapete vegetal das florestas pela inorgânica camada de pedras, paus e piche que hoje habita. Por ser incapaz de produzir o seu próprio alimento substituiu a diversificada fauna silvestre pelos rebanhos domesticados que assassina para comer, portanto, sobrevive dos ?outros? que tanto despreza. Ser onívoro que se alimenta, pedindo, tomando emprestado, roubando e matando, propósito que as plantas, por serem autótrofas, executam acomodadas num mesmo lugar. Potencializou os seus sentidos com uma parafernália tecnológica e criou um indescritível e infundado arsenal de armas para defender-se de sua arrogante sede de poder. Desenvolveu a super-humanidade e dentro dela é apenas uma unidade que não consegue entender o todo do qual faz parte. Da mesma forma que cada um dos seus neurônios não entende a grandeza do cérebro que forma. É apenas o tecido nervoso de um ser global que a cada dia torna-se mais populoso, sua inteligência ampliada pela tecnologia, juntamente com as outras formas de vida compõe a Gaia, a Terra viva. A Gaia representa uma inteligência coletiva de amplitude planetária, mas cada ser individual em sua insignificante pequenez ?consciente?, não percebe que sua unidade dissociada do todo é estúpida, medíocre, insignificante. Seu conhecimento é nada mais nada menos do que a conexão com o todo que já se foi, anterior ao último segundo que já se tornou passado, pois nossa existência transita entre um passado histórico e um futuro imprevisto em um presente temporalmente inexistente. Todas as formas de vida existentes têm a sua estrutura escrita na mesma linguagem de DNA. Toda a vida provém de um mesmo ancestral, todos dependem uns dos outros, todos os seres vivos formam uma única vida. Cada ser humano só será livre quando perceber que a sua consciência é composta da totalidade das consciências individuais, sendo ao mesmo tempo, o todo e uma parte dele. Quando tiver consciência de que a sua unidade pertence à totalidade que o cerca. Quando tiver humildade suficiente para entender que o seu maior trunfo, o seu cérebro, do qual resulta a sua inteligência e todo o seu saber, é feito do mesmo material que forma a bactéria que vive no intestino da lagosta e do material que a envolve. Que o Deus dos humanos é universal, tanto é o todo, quanto pertence ao todo. Deus que é visto por todas as espécies, á imagem e semelhança de cada ser que o observa.
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