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Retrocesso na educação?
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Saiu hoje (29/03/2008) no jornal O Estado de São Paulo, uma matéria com o título Retrocesso na educação. Quando li, não acreditei!
O jornal acusa o MEC de promover um retrocesso na educação no momento em que tenta moralizar o Ensino Superior privado no país. Segundo o jornal, "a preocupação com a qualidade, em outras palavras, seria pretexto para criar empecilhos para empresas multinacionais que pretendam investir no mercado educacional brasileiro" e diz que o MEC usa as frases "escola não é padaria" e "educação não é mercadoria" como alegação para as intervenções que vem fazendo e que ainda pretendem fazer, considerando essas como frases vazias ou pouco consistentes para justificar a suas ações.
Ora, minha gente, todo mundo sabe como anda o Ensino Superior privado no Brasil. O aluno passa por um pseudo vestibular, só para constar, e já está lá dentro. Se sabe escrever o próprio nome, já está valendo! Conta-se nos dedos de uma mão as instituições que realmente podem ser chamadas de "instituições de ensino" nesse país. A grande maioria é um aglomerado de analfabetos funcionais que só estão ali pelo diploma, para conseguir algum status e um emprego melhor. O resultado é: profissionais cada vez menos competentes no mercado!
Vocês podem perguntar: o que ela sabe sobre o assunto para afirmar essas coisas? Eu dei aula recentemente numa faculdade particular e o quadro que vi foi alarmante! Meus alunos não queriam ter o trabalho de estudar. Achavam que tudo o que precisavam saber para ser o profissional que escolheram, eu teria que dar em sala de aula, e com muito cuidadinho, pois eles entendiam somente metade das coisas que eu dizia! Cheguei ao cúmulo de perguntar, a uma turma que me causou muitos problemas, como tinham passado no vestibular sem saber aquele mínimo que eu lhes pedia? Não sabiam operar com números decimais!!!! Não sabiam o que era uma regra de três!!!! Achavam que os elétrons ficavam no núcleo do átomo, mesmo depois de eu dar uma aula utilizando slides com os vários modelos de átomos já elaborados!!!! Esses mesmos alunos e outros, reclamaram de mim várias vezes em coordenações de curso por que eu dava muito assunto difícil! Vejam que não reclamavam do meu método! Reclamavam do que tinham que saber para serem engenheiros e nutricionistas!
Querem mais exemplos de como a coisa funciona dentro dessas instituições? Vou lhes dar mais dois.
Meu marido, que ensina na mesma instituição que ensinei, outro dia teve que encarar um pai de uma aluna, que o ameaçava de tudo quanto é barbaridade, já que tinha poder suficiente. Era um juiz, desembargador, sei lá o que! O motivo? A filha do sujeito, que se achava mais doutor que meu marido que é realmente doutor em Química, era relapsa: não estudava, faltava muito e acabou sendo reprovada na disciplina!
O outro exemplo aconteceu com um amigo que dava aula numa faculdade dessas "pé-de-chinelo" em Salvador. Não recebia salário há meses e ainda foi quase massacrado por uma turma que reclamou com a direção da faculdade que ele dava muito assunto, assuntos muito difíceis. Ele lecionava Antroplogia e os alunos não queria saber de nada! Chegaram ao cúmulo, num dia em que ele teve uma conversa séria com a turma, após uma avaliação em que praticamente todos foram mal, de dizer a esse meu amigo: "Professor, não perca seu tempo querendo ensinar essas coisas difíceis pra gente. Nos dá o diploma e pronto. É só o que a gente quer. A gente não quer aprender Antropologia!".
Então, me digam: dá para continuar assim? O MEC está ou não está certo em querer moralizar, exigir qualidade e impedir que essas faculdades "pé-de-chinelo" se espalhem e continuem jogando no mercado profissionais incompetentes?
O ensino não é uma mercadoria!
Para ler a matéria, clique aqui: http://txt.estado.com.br/editorias/2008/03/29/edi-1.93.5.20080329.3.1.xml
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