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Exame é uma bomba?
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O tema central tratado por Carolina Chagas no artigo de opinião ?Exame é uma bomba?? é o problema da educação nacional, principalmente em relação ao que ela afirma ser um ? descompasso entre ensino e avaliação?, no qual as modernas pedagogias de ensino não são refletidas nos métodos antiquados de avaliação.
Tal descompasso é amplamente discutido pela autora que vai apresentando vários depoimentos de estudiosos da pedagogia como Cipriano Carlos Luckesi e Ralph Tyler que reprovam o atual sistema de avaliação, afirmando que provas individuais, sem consulta e aplicadas em salas fechadas, com lugares marcados, etc, em nada contribuem para avaliar realmente os conhecimentos adquiridos dos alunos.
Segundo Chagas, estes profissionais também consideram a atitude dos professores diante da avaliação, como por exemplo a preocupação em achar a média entre duas ou mais provas e/ou trabalhos, e as condições de trabalho desses professores, como salas com muitos alunos e pouco preparo, como sendo um fator que dificulta a mudança da situação atual do ensino.
A autora do artigo também apresenta exemplos de escolas que estão tentando mudar este cenário, mas que apesar do esforço em aderir às pedagogias modernas afirmam não poder abandonar totalmente o sistema de avaliação tradicional. A justificativa para a continuidade deste tipo de avaliação, segundo os profissionais da área citados por Chagas, é a exigência de exames nacionais como o ENEM e os vestibulares, que esperam dos alunos alguns níveis de educação formal.
Como contraponto a este argumento sobre a suposta necessidade da ?educação formal?, a autora traz depoimentos de ?ex(bons)alunos? que hoje não vêem suas boas notas como transformadas em realização profissional, provando que conseguir decorar nomes, datas e fórmulas não são garantia de um bom aprendizado. Segundo os próprios depoimentos destes ex-alunos o modelo tradicional de ensino e avaliação prejudicaram o desenvolvimento da capacidade de trabalhar em grupo, pois competição por melhores notas era sempre incentivada, além de outras questões sobre a aparente ?inutilidade? de alguns conteúdos exaustivamente aprendidos no tempo de escola.
Na seqüência, Chagas volta a apresentar argumentos reforçados por estudiosos da área de pedagogia que vêem as iniciativas de algumas escolas e de profissionais da educação como uma evolução no sistema. Para confirmar esta visão, a autora traz vários exemplos de escolas que já trabalham dentro de um novo modelo de ensino e avaliação, trazendo mais atividades extracurriculares do que os chamados conteúdos formais, estimulando a curiosidade e a pesquisa, a auto-avaliação entre muitas outras atitudes que pretendem formar um aluno mais preparado para vida e não apenas um compêndio didático.
Com mais um exemplo de que as notas da escola e resultado de exames escolares tradicionais não refletem as competências e habilidades dos alunos, Chagas cita também casos de alunos considerados ?abaixo da média?, de acordo com a medida das escolas tradicionais, mas que apresentam um melhor aproveitamento profissional ou maior desenvoltura para tratar de assuntos do cotidiano por terem se dedicado ao que gostavam de fazer, ao invés de preocuparem-se com os conteúdos escolares.
Ao finalizar seu artigo, Chagas apresenta o contraditório resultado de uma pesquisa, na qual, apesar do aspecto positivo que as mencionadas mudanças podem trazer para a educação, os pais dos alunos representam boa parte do ?movimento de resistência?, pois têm como referência a educação formal que eles próprios tiveram no passado, além da preocupação que a escola prepare seus filhos para o vestibular.
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