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Currículo, Multiculturalismo e Formação do Professor (2)
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Dada a polissemia do termo ? multiculturalismo?, cabe aqui identificar o que está sendo entendido com este termo, para tanto recorremos ao aporte conceitual das formas de multiculturalismo identificadas por MC LAREN (1997): 1) Multiculturalismo conservador: baseando-se em uma espécie de teoria antropológica com um cunho determinista em relação a aspectos de ordem biológico-geográfica, compara os grupos sociais de indivíduos não-brancos (asiáticos, afrodescendentes, aborígenes, indígenas sul-americanos...) a ? crianças de boa índole? ou a ? criaturas? , mesmo estando muitas vezes esta ideologia ?amenizada? por eufemismos, sendo perceptível em produções culturais que retratam estes sujeitos como ? exóticos? , ou ?curiosos?. Com o intuito de tornar legítima e aceitável a supremacia de uma ?cultura branca?, propõe-se uma ?cultura universal?, ?comum a todos?, visando a homogeneizar as diversas culturas presentes num dado espaço social, calando com isso, as diversas vozes culturais presentes nas sociedades ocidentais; 2) Multiculturalismo Humanista Liberal: parte do princípio de que haveria uma ? igualdade natural? entre as diversas culturas e etnias, mas que esta não se consubstanciaria em condições concretas de igualdade para os diversos grupos sócio-culturais oprimidos devido ao fato de não haver oportunidades iguais para todos, porém não se discute o porquê da inexistência destas ? oportunidades iguais? para todos os grupos étnicos e culturais, o que tornaria possível mascarar desta forma as relações de poder interculturais desiguais; 3) Multiculturalismo Liberal de Esquerda: enfatiza a igualdade racial, propondo que a partir do reconhecimento desta, os problemas gerados pelo não-reconhecimento dos diferentes valores identitários (dentre os quais incluem-se atitudes, estilos cognitivos e práticas sociais) apresentados pelas diversas culturas e etnias presentes na sociedade seriam solucionados, ou seja, as diferenças culturais seriam ?abafadas?<1> por buscarem solucionar apenas as diferenças étnicas; 4) Multiculturalismo Crítico e de Resistência (Interculturalismo Crítico): compreende classe, gênero e etnia como elementos que devem ser considerados em uma lutas mais ampla pelos direitos dos grupos oprimidos<2> , discutindo as relações de poder existentes entre os diversos grupos culturais, étnicos e sociais utilizando-se para tanto dos meios mais amplos de difusão cultural, em especial os que tenham um comprometimento com funções educativas , em especial, os com mais ligação às instituições escolares. cabe aqui destacar que, o estudo aqui apresentado insere-se na perspectiva multicultural crítica, mas que, seguindo a terminologia utilizada por CANEN (1997a, 1999, 2000, 2001) encontra-se neste estudo denominada de perspectiva intercultural crítica.
Ainda em relação à perspectiva intercultural crítica, FLEURI (2000) indica que esta busca compreender o modo segundo o qual os conflitos entre as diferentes culturas ocorrem, sendo que, no tocante à realidade escolar, estes conflitos interculturais podem ser explorados de modo a tornar possível a inserção, no planejamento curricular, de conteúdos que possam fazer entender como, em nível sócio-histórico, são construídos os preconceitos e pré-noções de natureza discriminatória relacionados às diferenças interculturais existentes entre os sujeitos presentes no ambiente educativo estudado.
<1> E nestas incluem-se diferenças de gênero e diferenças religiosas.
<2> No que se refere aos aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais
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