|
|
Página Principal : Educação
Sobre a história das instituições educativas
Publicidade
Com vistas a situar, em termos teórico-metodológicos, as tendências do campo de pesquisa da História da Educação, frente ao movimento de renovação historiográfica, Justino Magalhães procura desenvolver nesse artigo uma análise dos estudos historiográficos em história da educação. A esse respeito, indica que os estudos em História da Educação até os anos de 1970 teriam se preocupado em buscar um "continuum evolutivo" ordenador dos "fatos históricos2". Segundo o autor, uma outra abordagem seria a que buscava integrar as dimensões macro e micro, buscando relacionar as "explicações" para um fenômeno "micro" com fatores de nível ''macro", na qual esses fatores teriam a predominância (esses seriam os estudos históricos "contextuais"). Ambas as abordagens, para Magalhães teriam um caráter historicista e minimizador do papel do presente, privilegiando sempre explicações calcadas na idéia determinista da influência do passado. No Campo da História da Educação, Magalhães identifica três linhas mestras que teriam configurado esse campo no momento anterior ao movimento de renovação historiográfica ocorrido nos anos de 1970: "a) Preocupação com a didática; b) Produção historiográfica com ênfase na memória; c) Produção historiográfica de caráter "moralizante e civilizacional (p. 53)". A seguir, apresenta o seguinte conceito de historiografia: "A produção historiográfica, enquanto construção e representação discursiva da realidade, visa o conhecimento da relação, ou melhor, das relações, num contexto de multidimensionalidade (p. 53)". Partindo desse conceito, pode-se afirmar que o autor entende a historiografia como uma forma particular relacional de trabalhar, pelas vias do discurso e da representação, os objetos científicos, construídos em função de sua ligação (específica de cada objeto histórico) com o eixo matricial espaço-tempo. Tal concepção, advinda do movimento de renovação historiográfica, cuja maior expressão teria sido a atuação da "Escola dos Annales", trataria para o campo da História as seguintes resultantes: "a) Superação da "História macro-explicativa", calcada nos aportes da política e da economia; b) Superação da "História Revisionista"; c) Revalorização da lingüística e das representações (p. 54)". O impacto dessa reconfiguração do campo da pesquisa em História, teria repercutido, segundo Magalhães, da seguinte maneira no capo da História da Educação: a) pluralidade investigativa em termos de objetos e fontes; b) Renovação metodológica; c) Revalorização da memória; d) Uma abordagem centrada no presente; e) Interdisciplinaridade. A partir dessas modificações, duas linhas de análise se destacam como matrizes básicas: "1) Etnohistoriografia; 2) História contextual (p. 54)". Tomando como referencial a etnohistoriografia (cruzamento interdisciplinar entre a história e a etnologia), o autor propõe uma "etnografia centrada na escola", na qual: "A escola, como a educação, são construções históricas (p. 65)". E que: "A estrutura escolar é, em essência a relação que se estabelece entre os quadros grupal, individual e institucional (p. 55)". Destaca, ainda, como uma das mais proveitosas contribuições da etnohistoriografia, a possibilidade de se realizar estudos comparados que teriam como eixo norteador a escola (tomado como referencial no "eixo do espaço") e o período histórico em que essa escola se situa (como referencial de análise do "eixo do tempo") e que a condiciona. Concluindo, indica que; "A História das Instituições Educativas, tomadas na sua pluridimensionalidade e numa lógica multimodal de espaço, constitui um domínio de investigação, sobre o qual permanecem grandes lacunas (p. 59)". Essas lacunas, ao que tudo indica poderiam ser (ao menos parcialmente) preenchidas pelo aperfeiçoamento constante, em termos teóricos e metodológicos da pepectiva apontada por Magalhães.
2 Cabe mencionar que antes dos anos de 1970, em História, ainda predominava a noção positivista de "fato", ou seja, o fato seria algo que emergiria diretamente da realidade, percebido imediatamente pelos sentidos. Isso se daria desde que fossem seguidas as seguintes etapas do método experimental: formulação de hipóteses, observação, testagem das variáveis e ''descrição dos resultados."
Veja mais em: Educação
Artigos Relacionados
- O Movimento Da Escola Nova No Brasil Até Os Anos De 1930
- A Boa Escola No Discurso Da Mídia
- Idéias Políticas
- Domínios Da História: História Das Mulheres
- Sobre A Micro História
- A Visão De Uma Nova História - Parte I
- Escolas Nova E Pedagogia Experimental (1)
|
|
|
| |