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Extensão ou Comunicação


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Fichamento: ?Extensão ou Comunicação?? ? Paulo Freire.

O homem, como um ser de relações, transforma a natureza com seu trabalho.

O resultado da transformação, que se separa do homem, constitui seu mundo.

Esse mundo é chamado de estrutura vertical.

Ele não existiria se não fosse um mundo de comunicabilidade.
A intersubjetividade ou a intercomunicação é a característica primordial desse mundo.

Pela intersubjetividade se estabelece a comunicação entre os sujeitos a propósito do objeto.

As quatro relações constitutivas do conhecimento: gnosiológica, lógica, histórica e dialógica.

Não há pensamento isolado pois não há homem isolado.
Todo ato de pensar exige um sujeito que pensa, um objeto pensado, que mediatiza o primeiro do segundo, e a comunicação entre ambos, que se dá através de signos lingüísticos.
O pensamento não deveria ser designado por um substantivo, mas por um verbo transitivo.

Mais que puramente transitivo, deveria ser um que tivesse o objeto da ação e um complemento de companhia.

Além do sujeito pensante, do objeto pensado, haveria a presença de outro sujeito pensante, representado na expressão de companhia.

O objeto não é a incidência terminativa do pensamento de um sujeito, mas o mediatizador da comunicação.

Portanto, ele não pode ser comunicado de um sujeito a outro.
Se um sujeito A não pode ter no objeto o termo de seu pensamento, não pode igualmente transformar o sujeito B em incidência depositária do conteúdo do objeto sobre o qual se pensa.

Não haveria comunicação. Um sujeito estaria transformando o outro em paciente de seus comunicados.

A comunicação implica numa reciprocidade que não pode ser interrompida.
Não é possível compreender o pensamento fora de sua dupla função: cognoscitiva e comunicativa.

Comunicar é comunicar-se em torno do significado significante.
Na comunicação não há sujeitos passivos.
Os sujeitos co-intencionados ao objeto de seu poder se comunicam seu conteúdo.
O que caracteriza a comunicação enquanto este comunicar comunicando-se, é que ela é diálogo.

Neste diálogo os sujeitos se expressam por um mesmo sistema de signos lingüísticos.

Se não há acordo dos signos, não há compreensão entre sujeitos.
O processo de comunicação humana também não pode estar isento dos condicionamentos sócio-culturais.

Equivocada está a concepção segundo a qual o quefazer educativo é um ato de transmissão ou de extensão sistemática de um saber.

Em lugar de ser esta transferência de saber, a educação é situação gnosiológica em seu sentido mais amplo.
A educação é comunicação, é diálogo.

É um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados.

Análise da comunicação: classificação dos atos comunicativos.

Esses atos se realizam em dois planos fundamentais:

Um, em que o objeto da comunicação pertence ao domínio do emocional.

É uma comunicação na qual um dos sujeitos suscita um certo estado emocional no outro, podendo contagiar-se de tal estado.
Não existe a ?ad-miração? do objeto por parte dos sujeitos da comunicação.
Outro, em que o ato comunica conhecimento ou estado mental.

Neste, a comunicação se verifica entre sujeitos sobre algo que os mediatiza e que se oferece a eles com um fato cognoscível.

Pode ser tanto um fato concreto, como um teorema matemático.

A comunicação eficiente exige que os comunicadores incidam sua ?ad-miração? sobre o mesmo objeto, e que o expressem através de signos lingüísticos comum a ambos.

Nesta comunicação, que se faz por meio de palavras, não pode ser rompida a relação pensamento-linguagem-contexto ou realidade.

Dois tipos distintos de comunicação:

Um, que se centra em significados.
Outro, cujo conteúdo são as convicções.

Neste, há o problema da adesão ou não adesão à convicção expressa porum dos sujeitos comunicantes
A compreensão significante dos signos exige que os sujeitos da comunicação sejam capazes de reconstituir em si mesmos o processo dinâmico em que se constitui a convicção expressa por ambos através dos signos lingüísticos.

Ação extensiva do conhecimento: um sujeito leva o conhecimento a outro

A tendência do extensionismo é cair facilmente no uso de técnicas de propaganda, de persuasão, no vasto setor que se vem chamando ?meios de comunicação em massa?.

Através das técnicas desses meios de comunicação, as massas são conduzidas e manipuladas.

Não se encontram comprometidas num processo educativo-libertador.

À pergunta que dá título ao capítulo: Extensão ou Comunicação?, responde-se negativamente à extensão e afirmativamente à comunicação.


Veja mais em: Educação

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