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Uma carta Étnico Racial
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Meu caro amigo Charles Browun; Por você está a muito tempo fora do Brasil, e também por saber do seu grande interesse pelas questões sociais e raciais que afetam diretamente ou indiretamente nosso povo brasileiro, vou contar-lher como ocorreram as três (3) aulas deste mês de março na disciplina, que para mim, foi muito especial , denominada: Educação, Desigualdades Sociais e Raciais. Alguns conceitos fazem parte do nosso dia-a-dia e passamos a considerá-los como verdade. O discurso de que não existe racismo no Brasil é propagado, mas , a partir da leitura do texto. ?Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03 onde foram apresentados alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discurssão?, o texto foi escrito pela própria professora Nilma , e faz parte do livro: As Políticas Públicas e a Desigualdade Racial do Brasil em 120 anos após a Abolição. Ficou claro, o interesse de um grupo que não quer perder seus privilégios tendo interesse em manter tal situação. A ideologia incutida nas mentalidades de brancos e negros é que o probema da miséria não é vencido, devido à inferioridade, o que gera uma certa conformação.Muitos de nossos alunos , se sentem nesta situação, acham que não aprendem, que são ?Burros?, já se consideram menos capazes que os outros. Mais da metade da população brasileira é negra , claro, considerando nesta classificação racial do IBGE , os pretos e pardos. Somos a segunda nação negra do mundo, só temos menos negros do que a Nigéria, país da África. As diferenças existem entre todos os povos do mundo e são as mais diversas possíveis, mas, não podemos hierarquizar e falar que uns são melhores que os outros. Quando retiramos os aspectos culturais , históricos e econômicos e limitamos apenas a aspectos biológicos, retiramos toda a capacidade intelectual e humana do ser. O nosso probema , como você sabe, é que as nossas diferenças aqui no Brasil tem gerado ao longo do tempo, desigualdades econômicas e sociais. Caro, Brawun, esse será o nosso grande desafio como professores, romper com esse imaginário tão negativo criado e alimentado por séculos de desigualdades sociais perpetuadas pela discriminação e preconceito racial. Meu amigo Brawun, temos a nosso favor uma nova lei aprovada em 2003, que se colocada em prática, servirá para sanar tanto sofrimento resultante das desigualdes social e racial. A Lei 10.639/03 determina que seja incluída nos currúculos escolares, a História Africana. É impensável que em um país como o nosso, com maioria da população descendente de africanos , não tenha História Africana nos seus curriculos escolares. No entanto, meu caro amigo Charles Brawun , devido ao nosso país ter sido colonizado por portugueses provenientes da Península Ibérica e que teve seu desenvolvimento precoce nos séculos XV e XVI, só foi possível, pela influência árabe e africana naquele país. Tenho que lembrar-lhe que Portugal foi ?ocupado? por Mouros por aproximadamente 700 anos, e que estes Mouros eram a fusão de Africanos Islamisados e Árabes. Temos que rever a origem dos conhecimentos técnicos e científicos que neste período eram mais avançados na África e no Mundo Árabe do que na Europa, para compreendermos a mecânica dos processos de desenvolvimento de Portugal com relação ao restante da Europa, neste contexto , a África foi essencial. Negros e pardos têm 2% a menos de chance em relação aos brancos de não frequentar a escola e ter um bom rendimento escolar. Não há imagens nos livros didáticos de pessoas negras. Charles , é claro que estes não são problemas enfrentados pelo país que o recebeu como imigrante, a Suécia. Mesmo assim, acredito na sua sensibilidade para com estas questões tão importantes no enfrentamento das desigualdades sociais e raciais que vive o nosso povo brasileiro. Aproveito para perguntar-lhe: E aí Charles, quando você virá para o Brasil? Com certeza , quando aqui chegar, encontrará um país com mais cidadania , fruto da nossa luta ao longo dos anos. ?Um forte Afroabraço!.? Chicovsky
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